Certa
ocasião perguntaram ao imortal baiano João Ubaldo Ribeiro, que nos deixou aos
setenta e três anos de idade, o que ele achava da morte.
Na
sua simplicidade baiana, com aquele vozeirão de tenor e após refletir por
alguns segundos respondeu: “Quem não morre fica velho”.
Foi
a mais perfeita definição que sinteticamente ouvi sobre um assunto tão polêmico
como a morte, nada menos que o fechamento do nosso ciclo vital.
Será
bom ser velho? As pessoas não desejam morrer e não suportam a velhice,
inclusive colocaram um nome fantasia nessa fase da nossa existência - melhor
idade.
Confesso
que ser velho não é um dos piores negócios que a vida nos apronta.
Todas
as fases da vida são interessantes e nos levam sempre a novas descobertas.
O
velho acumulou e metabolizou inúmeras perdas e ganhos.
Felizes
aqueles que contribuíram com feitos para a humanidade.
É
muito mais fácil ser velho que compreendê-lo. Para início de conversa o velho
tem de vencer os preconceitos que envolvem essa fase do ciclo vital.
Os
jovens têm uma imagem distorcida e caricata do idoso.
Este,
por sua vez, tem de aprender a conviver com a solidão, com as dores
características do desgaste articular inerente e, apesar de tudo, se manter sempre em alguma atividade que lhe produza
prazer.
Nossas
funções vitais ficam mais frágeis com a idade, porém, simples de serem
administradas.
O
importante é não perder a possibilidade de amar as pessoas e a natureza.
Sempre
estamos a descobrir novas situações, e isto nos propicia energias suficientes
para, no dizer de João Ubaldo, não morrer e ficar cada vez mais velho na zona
da sabedoria, segundo acreditam alguns.
Felizes
os que possuem a compreensão de que na vida tudo muda a cada instante,
inclusive a nossa permanência no paraíso terrestre.
Gabriel
Novis Neves
29-07-2014
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