quarta-feira, 20 de agosto de 2014

BARBÁRIE

Estamos voltando aos tempos da Idade Média, onde a barbárie predominava.
Em pleno século XXI presenciamos a perversidade do linchamento de uma mulher inocente em plena praça pública.
No caso em questão, uma pacata  dona de casa moradora de Guarujá, São Paulo, foi confundida com uma sequestradora de criança, graças à influência das redes sociais – que dia a dia se proliferam mais.
Sabe-se que o ser humano aumenta em muito o seu grau de violência  quando no coletivo. Sozinhos, somos bem mais civilizados e temerários às leis.
Entretanto, o grande fator que impulsiona esses fatos é, com certeza, a fraqueza do Estado constituído, aliada à certeza da impunidade.
O Estado de Direito vem se mostrando cada vez mais frágil e mais omisso, e os poderes que o representam cada vez mais desacreditados pela população.
Aí estariam incluídos, não só o poder executivo, mas também o legislativo, o judiciário e o policial.
A violência tem crescido assustadoramente  na medida em que o cidadão, já descrente desses  poderes resolve fazer justiça com as próprias mãos.
É o que temos observado de uns tempos para cá em países pouco belicosos, como é o caso do nosso.
Pessoas desamparadas em todos os níveis -  social, sanitário, educacional e de segurança mínima - vão se tornando revoltadas, agressivas e, portanto, aptas a serem incorporadas a movimentos de massa pouco civilizados.
Apesar de termos conquistado algumas melhorias no tocante à distribuição de renda, ainda possuímos distorções gigantescas nesse sentido para a população como um todo.
Com o advento da internet todas essas distorções são cuspidas diariamente para o homem comum, tornando-o presa fácil para manifestar a sua inconformidade de maneira violenta.
Enquanto isso, nenhuma atitude corretiva visando beneficiar a coletividade é tomada pelas autoridades dominantes.
Os mais privilegiados conseguem um nível de vida bem acima da média, que é obrigada a conviver com todo tipo de dificuldade, desde o descaso com o sistema hospitalar até a dificuldade de locomoção diária devido a este sistema cruel de transporte coletivo.
Veja-se, por exemplo, a nossa Constituição datada de 1988 que, arcaica, continua validando itens que sequer têm merecido qualquer tipo de discussão.
De lá para cá, nenhum governante brasileiro teve a coragem de questionar, entre outros itens, a segurança social.
Claro, isso não gera votos, ou pelo menos não gerava. A presença de uma polícia civil e outra militar é outro ponto polêmico.
Quando acontecem fatos horripilantes como esse linchamento público, é preciso que paremos para pensar  nas causas que estão levando as pessoas a cometerem esta selvageria. Sem uma avaliação honesta e profunda dos nossos governantes, fatos dessa gravidade estarão se repetindo e, quem sabe, nos trazendo de volta à barbárie dos séculos passados.
Civilidade é conquistada no dia a dia e cabe ao Estado exercer o seu poder coibitivo dentro das normas democráticas.
O ser humano, violento por natureza, pode e deve ser contido.  Isso é tarefa de um Estado de Direito - as leis devem ser respeitadas - e a impunidade  parar de existir. Para Todos.
Países de primeiro mundo estão aí para mostrar que isso não é uma utopia. 

Gabriel Novis Neves
07-07-2014

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