domingo, 2 de janeiro de 2022

PITORESCOS VI


Bem antigamente em Cuiabá, o "chato" era uma pessoa desagradável. E também se reconhecia por esse nome um parasita encontrado em pelos pubianos. Graças à higiene pública, o parasita diminuiu a incidência em locais civilizados.


Pessoa sem instrução, antigamente era chamado de “despreparado”. Hoje, pode significar também alguém sem qualificação profissional mas “vitorioso” nos seus negócios.


Bem antigamente, as pessoas muito inteligentes eram consideradas possuidoras de quociente intelectual elevado (QI). Hoje, QI é "quem indica".


Antigamente, existia em Cuiabá o voto de cabresto. Hoje, o voto tem preço em espécie.


Na Cuiabá de antigamente, quem tinha dinheiro e não possuía curso superior era chamado de coronel. Hoje, de empresário.


Antigamente, ninguém guardava segredos. Continua assim.


Bem antigamente, “queimar arquivo” era esvaziar papéis do escritório. Hoje, é “mandar matar” pessoas que sabem mais do que deveriam. Dizem que existiam no centro de Cuiabá de antigamente, escritórios para realizar esse trabalho. Hoje, falam que se negocia isso pela internet e se paga pelo PIX.


Bem antigamente, Várzea-Grande era o 2º Distrito de Cuiabá. Hoje, um grande e próspero município.


Na Cuiabá antiga, o Porto foi 1°Distrito de Cuiabá. Hoje, é bairro de Cuiabá.


Bem antigamente, a 1ª ponte de concreto sobre o rio Cuiabá, ligando Cuiabá e Várzea Grande foi inaugurada em 1942 com o nome de “Júlio Muller”. Hoje, existem mais três e a 1ª é chamada de “Ponte Velha”.


Bem antigamente, pessoas jovens em Cuiabá eram chamadas de “nhozinho” e sinhazinhas. As mais antigas de meu “velho” e minha “velha”. Hoje, jovens em Cuiabá são chamados de “gente boa”. Os mais antigos, de “tio” ou “tia”.


Antigamente, o Rio Cuiabá era frequentado para banho. Hoje, o cuiabano procura o Manso e outros lugares de recreação mais distantes.


A Clínica mais “charmosa” de Cuiabá foi construída no bairro da Lixeira. O Hospital de maior movimento nas proximidades de uma famosa boate.


A Rua do Areão da Cuiabá de antigamente possuía muita areia e poucas casas. Hoje, é cortada pela asfaltada Avenida Coronel Escolástico, com muitos prédios de apartamentos, sem areia nas suas ruas.


Casa da sogra antigamente era o lugar onde cada um fazia o que bem entendesse. Hoje, esse lugar é conhecido como parlamento brasileiro.


Na Cuiabá antiga, “Casa Suíça” era um restaurante de alemão. “Casa Orlando”, de materiais de construção.


Bem antigamente, fumar era elegante em Cuiabá. Hoje, é cheirar.


Agiota, em Cuiabá de antigamente, era quem emprestava dinheiro cobrando juros. Hoje, temos as “factorings” e os informais. 


Na Cuiabá antiga, carrinho de mão era de madeira e roda também. Era usado para vender verduras e outros produtos alimentícios nas portas das casas dos cuiabanos. Hoje, carrinho na mão é jipe importado.


As "verduras" mais ofertadas na Cuiabá de antigamente, eram as rapaduras de leite e de cana de açúcar. Hoje, verduras chegam de avião de São Paulo e vendidas nos supermercados.


Boas cozinheiras de antigamente, eram consideradas de “mão cheia”. Hoje, temos os “buffets”.


Comida caseira de bem antigamente, era aquela que se comia em casa. Hoje, existe como especialidade em bons restaurantes.


Comida de criança de bem antigamente, era chamada de comida leve. Hoje, comida leve é para doentes.


Antes da chegada do homem à lua, muitos cuiabanos “andavam” com a cabeça na lua. Hoje, “quebram” a cabeça para pagar seu cartão de crédito.


Bem antigamente, existiam em Cuiabá os “cheques voadores”. Hoje, quem voa são aviões. Não existem mais cheques.


Cheques bancários de antigamente, tinham “fundos”. Hoje, se guarda dinheiro nos “fundos dos paletós”.


Antigamente, se vivia bem com pouco dinheiro. Hoje, com pouco dinheiro não se ganha nem cumprimentos.


Na Cuiabá de antigamente, existia muita “amizade” entre as pessoas. Hoje, temos “conhecidos”.


Era comum antigamente, visitar parentes e amigos. Hoje, enviamos uma mensagem de wattsapp ou e-mail.


Crianças de bem antigamente, em Cuiabá cumprimentavam os adultos de mãos postas coladas ao peito. Hoje, é um “oi”, quando muito.


Ser respeitado antigamente era sinal de “honradez”.  Hoje, honra tem sido apurada pela extensão numérica do saldo bancário.


Careca antigamente era quem não tinha cabelos na cabeça. Hoje, é alguém que está “cansado de saber das coisas”.


Cabeça branca em homens antigamente era sinal de envelhecimento. Hoje, para as meninas, sejam "de programas" ou "desprogramadas" é sinal de alguma riqueza. Musicalmente é conhecido como o “homem de cabeça branca”.


Gabriel Novis Neves

07-12-2021




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