quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

A CRISE MAIS AGUDA


Conversando com meu sobrinho, que trabalha no shopping, ele me disse que estava impressionado com a movimentação das lojas nestes primeiros dias de janeiro.  Falou também da crise, quando venderam nas festas natalinas abaixo daquilo esperado.  O movimento que ele verificou era de pessoas que foram trocar presentes!


Nem mesmo uma sessão de cinema para esquecer a crise que vivemos, com a pandemia, desempregados em números assustadores, trabalhadores informais aumentando sempre, e tudo mais de um tecido social em decomposição.


O Brasil não está dividido entre ricos, remediados, pobres e miseráveis. Somos uma pirâmide social com uma ponta dos milionários e uma ampla base dos necessitados. No meio, os "remediados", antiga classe média.


Quando criança não havia em Cuiabá essa divisão social, onde todos estavam no mesmo barco.   Ninguém se alimentava da carne encontrada em ossos e todos moravam em uma única região e frequentavam a mesma escola pública, posto de saúde e igreja.


O grande elemento de mobilidade social nessa época era o de oportunidades para estudantes continuarem seus estudos superiores fora de Cuiabá, marco divisor para quem o conseguisse.


Alguns, oriundos principalmente de classes mais pobres, procuravam ingressar no serviço militar, que oferecia ensino, casa e comida com possibilidade de engajamento na tropa ou mesmo de fazer concurso para a Escola Militar.


Para os outros, sobravam os estudos  no "Seminário", onde faziam o curso para exercer o sacerdócio. Muitos depois deixavam o seminário e ingressavam em outros cursos superiores ditos de "nobres".


Os sem condições de saírem de Cuiabá à procura de formação superior, ficavam trabalhando por aqui com dignidade. Hoje temos ensino superior em Cuiabá acessíveis principalmente aos ricos.


Somos um país monárquico com profundas raízes escravagistas.   Aqui em Mato-Grosso temos vários Reis: da soja, do milho, do algodão, da carne bovina, da carne suína e até dos galináceos!


Os EUA mataram todos os seus índios, mas mantém seus descendentes inclusos na economia americana.   


A exclusão dos "não-milionários" da vida social, política e econômica talvez seja a raiz de tanta desigualdade.


Vamos fazer girar a roda da fortuna através de políticas públicas, e não deixar essa tarefa apenas por conta do sorteio da mega-sena.


Gabriel Novis Neves

03-01-2021





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