quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

HISTORIADOR RUBENS DE MENDONÇA


Na minha vida tive inúmeros professores formais (e alguns, não).  Nesse último grupo incluo o historiador Rubens de Mendonça.


Quando me mudei da rua de Baixo para a rua do Campo, aos dez anos de idade, morava muito próximo à casa do historiador e de seu pai, também historiador, Estevão de Mendonça.


Eu era mais jovem que o Rubens, e logo descobri que ele “fazia tarefas” para os estudantes sem cobrar nada.  Atendia com paciência a todos que o procuravam em casa, especialmente quando o assunto era redação.


Tornei-me amigo dele nessa ocasião,  assim permanecendo a vida inteira. Voltei do Rio de Janeiro onde fui estudar e continuamos amigos.


Depois de voltar como médico, professor  e Reitor da UFMT, fui seu colega de universidade, pois o nomeei “professor colaborador” em razão da importância dos seus conhecimentos, embora não possuísse curso superior. Sua vasta obra e o currículo autorizavam.


Hoje, com toda justiça, seria “professor Doutor Honoris Causa” na UFMT ou qualquer outra instituição de ensino superior que preze o conhecimento, o ensino, a pesquisa e a extensão.


Tudo que sei sobre a história de Mato Grosso, aprendi nas conversas com o Rubens.   Nas portas do Bar do Bugre, na sua casa, na janela da sua casa, voltadas para a rua, e quando ia à Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de Mato-Grosso.


Rubens era secretário perpétuo da Academia de Letras e possuía chave própria da porta principal.


Era obrigatório, quando ia para a Academia fazer pesquisas, passar pela porta da minha casa.  Nessas ocasiões me convidava para aproveitar as frutas do quintal da Academia, como goiabas vermelhas, atas, jabuticabas e mangas burbons.


O meu 4º consultório, antes de ir definitivamente para o da Clínica Femina, foi ao lado da casa do historiador.  A sala de consultas era separada do escritório do Rubens por grossa parede de adobe.  


Quando desejava me dar uma notícia urgente, não ligava seu telefone de parede ou ia ao meu consultório.  Batia com os punhos das mãos na parede. Eu já sabia que ele desejava falar comigo.


Saía à janela do meu consultório e ele na sua do escritório.  Conversávamos.


Após o término do período de atendimento, eu ia à sua casa. Às vezes era uma consulta. Outras, minha opinião sobre as últimas “quadrinhas” que ele iria distribuir na porta do Bar do Bugre.


O Rubens era muito espirituoso,  fazia poesias, mas era imbatível nas suas famosas quadrinhas.


Em 1969 eu era secretário de Educação e Cultura do Estado de Mato-Grosso, no governo Pedro Pedrossian.  Uma comitiva foi escolhida pelo governador para a compra de tratores na Romênia.


Fazia parte dela o secretário de Planejamento, o engenheiro chefe do Escritório Comercial de Mato Grosso em São Paulo e eu.


O Rubens me chamou, tirou do bolso da sua camisa um pedaço de papel datilografado.  Disse-me “que tinham colocado em seu bolso” e que lesse o que estava escrito.


“Para a compra de tratores

O Pedroca nos ensina

Tem que ser doutor

E formado em medicina”


Essa era uma quadrinha maliciosa, de inúmeras que fez em “minha homenagem”!


Assim era o meu querido professor Rubens de Mendonça!


Gabriel Novis Neves

18-01-2022


N.E.: Fotografias dos acervos pessoais e também públicos, oriundas dos grupos do Facebook "Cuiabá-MT de antigamente" e "Cuiabá e Mato Grosso  de antanho"





HISTORIADOR ESTÊVÃO DE MENDONÇA 

 




HISTORIADOR ESTÊVÃO DE MENDONÇA 











O escritor, em noite de autógrafos 

A vasta obra literária 









Credencial da Imprensa Internacional 











O escritor, em noite de autógrafos 

A vasta obra literária 









Credencial da Imprensa Internacional 


Reconhecimentos para eternizar a obra 

Desde a preparação para o futuro 

Para sempre, no coração de Cuiabá 








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.