Educar
é muito mais do que ensinar. Educar é, essencialmente, passar valores.
O
mundo moderno, onde tudo é consumido e descartado muito rapidamente, vive um
momento atípico causado pela velocidade das mudanças em todos os níveis.
Tudo
foi transformado muito mais intensamente nesses últimos setenta anos do que nos
últimos quatro mil anos.
Somos
uma geração que conseguiu sobreviver razoavelmente bem a essa enxurrada de
novos conceitos e alta tecnologia.
Estamos
falando, não somente dos valores tradicionais, tais como ética e moral, a
maioria já obsoleta, mas, de um dos que considero da maior importância para a
vida adulta, a autoestima.
Quantos
de nós não vivenciamos a cultura do “não” e do sempre “insuficiente”?
Por
mais que nos esforçássemos, estávamos sempre sendo cobrados por uma melhora,
num aperfeiçoamento quase sempre inatingível.
Essa
cultura repressiva, em que questões comportamentais não são discutidas e
valores são passados sem questionamentos, continua ainda vigente em muitas
escolas e lares pelo mundo afora.
Resultado:
adultos inseguros, infelizes e com baixa autoestima, sempre descontentes com os
patamares de sucesso para os quais foram programados.
Ao
contrário, os incentivos elogiosos às iniciativas pessoais e à criatividade,
produzem na vida adulta pessoas autoconfiantes, aptas às alternâncias e
instabilidades que fazem parte do cotidiano, em que tudo é dinâmico em todos os
momentos e nem sempre a nosso favor.
A
autoestima e o conhecimento são, a meu ver, os maiores legados que podemos deixar
para alunos ou familiares.
Isso
é tão patente que nos nossos relacionamentos logo reconhecemos os vitoriosos,
os seguros de si mesmos, ainda que aparentem pouca intimidade com o “rebanho”,
sempre muito submisso.
Essas
reflexões me reportam a Oscar Wilde, quando se dizia muito preocupado quando
concordavam com ele: era sinal que deveria rever seus conceitos.
Realmente,
a humanidade não é preparada para a especulação. Ela prefere ficar numa zona de
aparente conforto em que conceitos, mesmo arcaicos, devem ser seguidos sem
maiores questionamentos, ainda que muito dolorosos no futuro.
Esse
costuma ser o comportamento das massas.
Daí os modismos de todo tipo, sejam eles estéticos, sociais, sexuais,
comportamentais.
O
“todo” costuma englobar o “pessoal”.
Nos
dias atuais, em que nos chega tanta tecnologia, tanta informação e, também,
tanta desinformação, é preciso ficar atento a que tipo de adultos a educação
atual está formando - se totais submissos a dogmas e mitos ou seres pensantes,
aptos ao novo, acreditando-se como transformadores do universo.
Isso
é o que esperamos das escolas e, principalmente, da capacidade familiar de não
minimizar as aptidões de seus descendentes.
Gabriel
Novis Neves
10-09-2015
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