Cruel
imaginar que, enquanto a União Europeia discute se são “imigrantes” ou
“refugiados” os milhares de indivíduos que tentam abandonar seus países devido
às guerras, a pobreza, repressão religiosa ou política, entre outros motivos,
morram sem que ninguém se comova.
Os
últimos acordos datam de 1970, quando a Europa fechou as suas portas para os
expatriados, salvo em condições especiais – se eles fossem importantes para os
países que os recebessem.
De
lá para cá, o mundo se tornou mais violento e mais pobre. Alguns países da África e do Oriente Médio
foram se tornando inviáveis para as suas populações.
O
que nos apavora é que o resto do mundo, mergulhado nas suas perspectivas
capitalistas desumanas, não se sensibiliza, aparentemente, com esse verdadeiro
genocídio.
As
perdas de vidas são diárias nessa fuga desesperada. Famílias inteiras desafiam
a morte através de caminhos marítimos ou terrestres.
A
rota preferida por essas pessoas é: chegar à Itália ou à Grécia por meio de
embarcações precárias, atingir, por via terrestre a Macedônia, daí para a
fronteira com a Sérvia e, finalmente, para a Hungria, país que seria a porta de
entrada final para a Alemanha e para os outros países ricos da Europa.
A
Macedônia já se declarou em estado de emergência. A Hungria vem construindo uma
imensa cerca de arame farpado para impedir a entrada desses imigrantes.
Acontece
que as fronteiras de todos esses países já se transformaram em imensos campos
de refugiados, com todos os problemas que isso acarreta para as suas devidas
organizações.
A
Organização Internacional para Migração (OIM) publicou um relatório mostrando
que mais de 4.000 pessoas morreram em 2014 tentando migrar para outros países.
Em
2015 quase 1.000 pessoas já morreram em busca de uma vida melhor – segundo
dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados)
A
mais recente e chocante foi a morte de uma família síria em sua tentativa de
fuga desesperada para o Canadá.
A
imagem do corpo do menino sírio, de apenas três anos de idade, encontrado em
uma praia da Turquia parece que, finalmente, acordou o mundo para este sério
problema. Ele morreu juntamente com seu irmão de cinco anos e sua mãe. O pai
foi o único sobrevivente dessa desgraça.
O
Jornal britânico The Independent estampou em sua página: “Se essa imagem
extraordinariamente poderosa de uma criança síria morta em uma praia não mudar
a atitude da Europa com os refugiados, o que irá?”.
O
jornal português também publicou a imagem chocante e justificou: “Vamos de
forma paternalista proteger o leitor de quê? De ver uma criança morta à borda
da água, com a cara na areia? Não sabemos se esta fotografia vai mudar
mentalidades e ajudar a encontrar soluções. Mas hoje, no momento de decidir,
acreditamos que sim”.
Eu
também quero acreditar que sim. Quero crer que aquela imagem brutal e bestial
do resgate do menino sírio Aylan Kurdi seja o início de tentativas sérias para
se resolver esse grande problema.
Aquela
imagem que chocou o mundo, já se tonou o símbolo da terrível crise migratória
que hoje presenciamos.
Gabriel
Novis Neves
20/09/2015
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