As
mortes sucessivas que vêm atingindo cidadãos dos países do Oriente Médio e da
África vêm horrorizando os habitantes do planeta Terra, mas, não a ponto de
mobilizá-los definitivamente contra tanta crueldade.
A
foto estampada nos jornais nesses últimos dias da criança síria morta, com o
rostinho enterrado nas areias de uma praia turca é, no fundo, o retrato de
todos nós - enterrados vivos, cobertos de vergonha.
Ela
viajava em uma embarcação precária acompanhada por seus pais e por um irmão. A
família tentava fugir da guerra em seu país e de todo os horrores advindos
dela.
São
imagens que ficam cravadas na nossa memória - tal como a da criança vietnamita
nua correndo para o nada após bombardeio aéreo de napalm -, pois trazem à tona
a barbárie e a insensatez quando passaportes e fronteiras invalidam a
possibilidade de se viver em qualquer país do mundo, no mínimo, com dignidade.
O
napalm é um líquido inflável à base de gasolina geleificada. Foi usado no
Vietnan para desfolhar a floresta do delta do rio Mekong e desalojar
vietcongues. Depois foi lançado diretamente sobre aldeias, onde só havia
mulheres e crianças.
Onde
estão os tão propalados direitos humanos? Atitudes que contrariam o que
apregoam todas as religiões - cujo discurso tanto se distancia da prática.
Fotos
como essas escancaram o que há de pior no sistema político-econômico que rege
os países ditos desenvolvidos.
Não
é possível continuar aceitando que as oitenta e cinco pessoas mais ricas do
mundo detenham o mesmo poder aquisitivo dos outros sete bilhões de habitantes
da terra juntos.
Enquanto
existir tanta injustiça social e tanta apatia diante do crescente número de
desvalidos no mundo, nada acontecerá, a não ser a humilhação que cobre parte da
humanidade, esta sim, sensibilizada por rostos enterrados na areia inertes para
sempre.
Famílias
exterminadas, infância que não se completa, enfim, genocídio consentido por
todos nós.
A
criança síria morta é o retrato do flagelo humanitário deste início de século.
Cidadãos
comuns são expulsos de seus países pelas guerras, pela fome e miséria e passam
a vagar pelo mundo, mesmo diante da perspectiva da morte, em busca de uma
simples vida de trabalho e de tranquilidade.
Quem
sabe tenhamos no futuro um mundo em que todos tenham direito a uma vida digna
em qualquer parte do planeta e livres de passaportes ou de fronteiras!
Sonhar
é preciso.
Gabriel
Novis Neves
19-09-2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.