A
televisão brasileira poderia ser uma grande fonte de disseminação cultural.
Mas, infelizmente, está, e sempre esteve, a serviço do grande capital, o que é
totalmente aceito pelas leis do mercado.
Lembrei-me
do relato de um amigo. Disse-me ele que, em 1981, durante uma viagem à China,
voltou encantado com a programação televisiva, totalmente dedicada à cultura e
a ensinamentos no campo da prevenção de doenças.
Eram
horas a fio de música clássica e regional, aulas focando várias matérias,
inclusive, o ensino de vários idiomas.
Ficou
impressionado com o número de pessoas cantando em português músicas de Chico
Buarque, na época em grande prestígio pelo mundo.
O
resultado está aí, depois de trinta e quatro anos, um país recém-saído da mais
absoluta miséria, despontando como a segunda maior economia do mundo.
Enquanto
isso, nós aqui na terrinha, continuamos em níveis insuportáveis de pobreza, de
falta de saneamento básico, de saúde, de educação, de violência e de injustiça
social.
As
grandes nações não se fazem sozinhas, é necessário que suas lideranças exerçam
o seu verdadeiro papel, tal como em uma orquestra, que não funciona
harmoniosamente sem a regência de um grande maestro.
Infelizmente,
no Brasil, os incentivos culturais são ínfimos, o que faz com que a população
se torne cada vez mais vítima de propagandas enganosas e, portanto, cada vez
mais alienada.
População
menos culta e menos educada é sempre mais fácil de ser manipulada. É tudo o que
interessa ao poder constituído, que nada faz para mudar esse estado de coisas.
Os
nossos programas de auditório são deprimentes! Exemplo: são recheados de vídeo
cassetadas, que nada mais conseguem senão exaltar a baixa autoestima de uma
população que, de tão achincalhada, submete a si e a sua família a situações
humilhantes, apenas por uma meia dúzia de trocados.
As
emissoras não estão preocupadas com as mensagens subliminares que são passadas
desde a infância através dessas práticas pseudodivertidas, tampouco pelo mal
que elas podem causar a quem a elas se vendem por absoluta ignorância e
ingenuidade.
Jamais
uma criança, na pureza de suas atitudes, poderia se divertir com tombos
fabricados e quedas algumas vezes perigosas e que visam apenas a diversão de uma
população imbecilizada.
Há
que se assinalar também na mídia televisiva, a falta do tênue limite que separa
o erotismo da pornografia. Ele reside, fundamentalmente, no bom gosto.
O
que se tem visto em alguns programas de auditório é exatamente o contrário
disso. Letras de músicas de cunho e expressões corporais nitidamente
pornográficas são disseminadas para uma plateia formada pelas mais diversas
faixas etárias e de maneira agressiva.
As
crianças, em casa, participam desse festival de mau gosto, exibindo também as
suas habilidades, cujo conteúdo intui sem entender.
Com
certeza isso é um desserviço à cultura.
Importante
frisar que não se trata de um insight liberal ou conservador, mas sim, da
responsabilidade das diversas mídias em propagar a ética e o bom gosto.
Um
pouco de requinte não faz mal a ninguém e até embeleza a vida, hipertrofiando,
inclusive, o erotismo em detrimento da vulgaridade.
Que
crianças querem formar ao insuflá-las ao baixo nível e à pobreza cultural? Com
certeza se transformarão em adultos pouco éticos e despidos de sensibilidade.
Sem
educação, seremos sempre aquele gigante adormecido há cinco séculos.
Gabriel
Novis Neves
15-09-2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.