Literalmente,
o ano de 2015 foi inundado por um extenso mar de lama, seja no meio político,
seja no meio social, seja no ambiental.
Na
política, figuras eminentes do nosso cenário, chafurdaram em transações
escabrosas, estando algumas presas e outras ameaçadas de perda de seus
mandatos.
Só
mesmo aqui na terrinha, paraíso das mordomias, tanta dificuldade para prender
os ladrões de gravata.
Em
Nova York, por exemplo, há algum tempo, por muito menos, um prefeito saiu de
seu gabinete algemado e ninguém considerou nenhuma calamidade, já que o não
cumprimento rígido das leis por parte de quem tem obrigação de defendê-las é
muito mais grave do que o fato de um cidadão comum não fazê-lo.
Revoltante
viver num país em que seus cidadãos, políticos ou não, desprezem as regras
sociais básicas de conduta moral.
Em
decorrência dessa falta de probidade, companhias de alto risco, tais como as
mineradoras, aqui se instalam visando apenas os altos lucros auferidos,
totalmente alheias aos danos ambientais que delas possam advir.
A
tragédia com o rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais, já
considerada um dos cinco maiores desastres ambientais do mundo, cobre-nos de
vergonha e de horror, já que foram absolutamente negligenciados todos os
contingenciamentos possíveis para essa tragédia anunciada.
O
descaso dos nossos dirigentes para com a população mais pobre e menos
aculturada é revoltante.
Cidades
do Espírito Santo, como Baixo Guandu,
Colatina e Linhares, agonizam, na medida em que sua flora e sua fauna, fontes
de renda da população, foram totalmente
destruídas pela lama que, no seu trajeto
de morte, chega célere ao oceano.
Só
mesmo autoridades oligoides da nossa administração, após dias de descaso,
conseguem ver o Rio Doce, hoje falecido, melhor no futuro.
Todo
o Brasil agoniza, não somente as regiões atingidas, diante de um quadro tão
grave e que trará graves consequências econômicas e sociais nas próximas duas
décadas para todos nós.
Os
efeitos tardios de toda essa tragédia ainda não foram divulgados, nem foram
tomadas providências quanto à contaminação das águas do Rio Doce e de seus
afluentes por metais pesados, altamente maléficos à saúde, a curto e longo
prazo.
Ao
que se sabe, as multas ridículas impostas a essas empresas nem sempre são
pagas, já que seus advogados tratam de livrá-las judicialmente das mesmas.
Novamente
batemos na mesma tecla de sempre.
Enquanto
não tivermos educação para todos nossos direitos serão sempre meros detalhes.
Vivemos
apenas para deveres, esses sim, cobrados até a última gota de sangue desse povo
espoliado de sempre e sem forças para lutar.
Gabriel
Novis Neves
30-11-2015
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