Todos
nós aprendemos nas aulas de história que o Oriente Médio foi o berço da
civilização.
O
Oriente Médio Moderno surgiu apenas após a Primeira Grande Guerra Mundial,
quando o Império Otomano, na época aliado às potências mundiais derrotadas, foi
dividido em várias nações separadas entre si.
Com
a criação do Estado de Israel, em 1948, saíram da região as grandes potências
europeias, como o Reino Unido e a França. Essas foram substituídas pela maior
influência na região dos Estados Unidos da América.
No
século XX, por volta, mais especificamente, de 1945, houve o boom do petróleo
e, com ele, o despontar da grande importância econômica e geográfica da região
formada pela Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuait e Emirados Árabes Unidos.
Basta
dizer que Irã e a Arábia Saudita detêm as maiores reservas mundiais do ouro
negro.
Com
a guerra fria, EUA e União Soviética passaram a competir, inclusive, pela
influência, não só econômica, mas também ideológica, numa região de grande
diversidade cultural e religiosa.
A
relativa paz após a Segunda Guerra Mundial tem sido sempre interrompida por
guerras como a do Golfo, a do Iraque, o conflito permanente entre árabes e
israelenses e, mais recentemente, pelo programa nuclear do Irã.
Os
ataques terroristas atuais pelo mundo mostram as inúmeras contradições que
cercam esses fatos, assim como as origens de tanto ódio e de tanta violência.
Os
ataques às Torres Gêmeas em Nova York foram feitos por cidadãos do mundo árabe,
porém, treinados nos EUA.
Os
ataques na Europa partiram de cidadãos europeus, mais especificamente,
franceses e belgas, ainda que com ascendência e valores do mundo islâmico.
Ao
que tudo indica essas pessoas filhas de imigrantes não se reconhecem no país
onde nasceram, pois, educados com valores rígidos de suas respectivas culturas,
crescem nas periferias sem uma verdadeira identidade francesa ou de qualquer
outro país.
Esses
jovens são facilmente sugestionáveis. Voltam aos países de origem de seus avós,
destruídos pelas guerras, e lá são submetidos a treinamentos bélicos, voltando
aos seus países de nascimento com objetivos de ódio e vingança.
Esse
costuma ser o mecanismo fácil de sedução desses jovens pelo Estado Islâmico.
Segundo
pesquisas, todos apresentam um mesmo perfil de timidez, insegurança e moradores
de periferia com baixo poder econômico, já que as oportunidades para esses
filhos de imigrantes não são as mesmas oferecidas aos cidadãos franceses
genuínos.
A
França, tradicionalmente um país laico, mantém a política das portas abertas,
mas, em troca, pelos que lá decidem ficar, obrigam a uma adesão total aos seus
valores básicos de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Todos
esses valores, inclusive os religiosos e econômicos, são muito difíceis de
serem aceitos.
Com
relação ao recente ataque terrorista no hotel de luxo em Mali, ex-colônia
francesa na África, é bom saber que a França ainda mantém na região, rica em
ouro, mil soldados.
O
que está acontecendo agora na Europa e na África tem a ver com séculos e
séculos de história dessa humanidade suicida que nunca, até hoje, conseguiu
viver sem valores de dominação e poder.
Os
cruéis ataques terroristas atuais nada mais são do que uma diversificação no
formato das guerras, não mais com tanques ou exércitos, mas com inimigos sem
rosto, que podem estar em qualquer lugar do planeta, a qualquer hora, movidos
apenas pelo ódio e pela violência.
Não
creio que ataques aéreos sejam suficientes para destruir ideologias.
Se
a palavra e o entendimento não conseguirem salvar a humanidade, estaremos todos
condenados ao extermínio, lamentavelmente.
Gabriel
Novis Neves
23-11-2015
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