Conceito
vago, cheio de definições, todos questionáveis e, principalmente, subjetivas.
Até
porque, vários são os tipos de amor, e todos muito diferentes de pessoa para
pessoa.
Amamos
numa dimensão muito própria, raramente compreendida pelo “outro”, que seria a
finalidade em si.
A
capacidade de doação é específica em cada ser humano e está sujeita a
modificações, que dependem da época e dos costumes.
Somos
todos imperfeitamente formados por uma mistura de sentimentos, tais como amor,
ódio, vingança, raiva, ciúme, vaidade, egoísmo, altruísmo, enfim, a matriz
humana não é lá das melhores.
Em
alguns de nós predomina os sentimentos positivos, enquanto em outros, dados os
seus condicionamentos, os sentimentos negativos.
Excluídos
os fatores genéticos, com certeza de real importância, chegamos todos mais ou
menos “puros” ao mundo.
As
circunstâncias e o meio em que somos criados vão, progressivamente, moldando o
nosso caráter e fazendo com que sejamos tão diferentes uns dos outros.
Com
relação ao amor como ele se apresenta nos dias atuais, o chamado amor
romântico, só passou a existir a partir do século XIX.
Antes
disso, as pessoas se uniam através das escolhas familiares, sempre voltadas para
possíveis benefícios financeiros.
Não
que isso tenha mudado muito, mas já existe uma espécie de escolha do ser amado,
ao menos aparentemente.
Começam
a ser aceitas escolhas independentemente de raça, religião, cor ou gênero,
coisas até então inadmissíveis nos diferentes sistemas sociais.
Quantos
sofrimentos a humanidade carregou em função de suas escolhas consideradas
inadequadas e, nem por isso, menos intensas?
A
história está aí para confirmar os inúmeros casos de pessoas do mais alto nível
intelectual vítimas de preconceitos que lesaram irreversivelmente as suas
vidas.
Dentre
as definições de amor, a que mais consegue me tocar, ainda que sem saber da
autoria, é a que diz que: “o amor é o encontro das peles e a troca das
fantasias”.
Parece-me
perfeita, vendo o lado químico da relação.
Todos
os outros tipos de amor são circunstanciais e obedecem a regras rígidas de
convivência, com as quais nem sempre concordamos, mas somos obrigados a aceitar
pelas normas sociais.
Tenho,
por exemplo, amigos que se vangloriam de terem curado suas carências afetivas
escolhendo famílias para serem suas - não necessariamente vinculadas a laços
sanguíneos.
Fácil
ver isso nos inúmeros grupos familiares que, quando reunidos, o que menos conta
é o afeto entre eles.
Permanecem
juntos, apesar de suas idiossincrasias, apenas para fortalecer aquele clã, num
resquício tribal, em que aglomerados são sempre mais fortes que indivíduos
isolados.
Depois
da revolução industrial, estabeleceram-se leis e princípios para que se
mantivesse unido e crescente o patrimônio.
Tomou
força as leis de herança, a condenação do adultério, o celibato em algumas
religiões, tudo em função de preservar os bens adquiridos por determinado clã
durante a vida.
A
organização social é basicamente econômica, e não, amorosa, como querem pintar
os mais românticos.
Até
o século X era permitido o casamento aos padres, quando, a partir de então, a
igreja, para proteger o patrimônio por eles deixado, estabeleceu o celibato.
O
mesmo com relação ao adultério feminino, demonizado pela possibilidade de
transmitir bens de herança a outras proles que não à do clã economicamente
organizado.
Tanto
que o adultério masculino nunca foi muito levado em conta, a não ser agora, com
o aparecimento dos testes de paternidade.
Enfim,
tudo que nos gere é a ordem econômica, sendo ela apenas travestida de algum
romantismo para que se torne mais fantasiosa.
Quem
sabe um dia, talvez em outra galáxia, poderemos nos amar um pouco mais uns aos
outros, independentemente das gulas financeiras e da selvageria das
competições?
Mais
uma utopia... Infelizmente, sem ela, a humanidade não caminha.
Gabriel
Novis Neves
14-10-2015
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