Participei
de uma solenidade na UFMT em comemoração aos 40 anos da fundação do Curso de
Geologia. Naquela época eu era reitor.
Durante
as festividades pude entender o famoso verso de Fernando Pessoa - “Tudo vale a
pena, se a alma não é pequena”.
O
Curso de Geologia foi criado quando a nossa universidade tinha apenas três anos
de implantação. Enfrentou todas as dificuldades que um curso de sua
complexidade apresentava para sobreviver.
Aos
40 anos possuiu um excelente corpo docente composto de doutores e mestres
concluintes de doutorado.
Com
a participação da mulher em todas as áreas já se nota o encanto feminino em um
curso outrora de perfil masculino.
Impressionou-me
a participação ativa do seu Centro Acadêmico (comandado por uma mulher), assim
como de toda a alta direção do curso, dos professores e da sua matéria prima -
os alunos.
Foi
realmente uma bela manhã de confraternização acadêmica, sem saudosismos, porém,
com a certeza que possuímos um dos melhores cursos de Geologia do país e um
motor de desenvolvimento deste Estado.
Ao
retornar para minha casa fui acompanhado pelo porteiro do edifício em que moro
até o elevador.
Muito
ansioso, ele queria me contar uma história. Solicitou-me que escrevesse um
artigo sobre o assunto para alertar as nossas autoridades de saúde pública.
Relatou-me
que a sua filha de 9 anos, portadora de grande mal asmático, precisava com
urgência de atendimento médico.
Estava
prostrada, com muita falta de ar, desidratada, com chiado no peito audível,
inapetente. Em casa tinha utilizado a medicação de sempre sem sucesso, e o caso
estava grave.
Procurou
a única UPA em funcionamento na cidade do VLT e, após longa demora, foi
aconselhado a procurar uma policlínica próxima (Bairro do Planalto), pois a
unidade de pronto atendimento não possuía médico para o atendimento.
A
mesma resposta lhe foi dada na Policlínica procurada. Atravessou a cidade e
encontrou um especialista em bronquite asmática em crianças na Policlínica do
Verdão.
Foi
examinada com desdém, segundo o pai, e receitado um xarope e inalação, obtendo
alta.
Ele,
desesperado, procurou uma Clínica Privada. Lá a criança foi minuciosamente
examinada e avaliada. No local, três tipos de medicação injetável lhe foram
administradas e, após melhora, obteve alta com novas medicações.
Dois
dias foram suficientes para a sua total recuperação.
O
pedido do porteiro foi feito no sentido de informar nossas autoridades
responsáveis, blindadas por eficientes serviçais, sobre a realidade da saúde
pública ofertada à maioria da nossa população (SUS).
Não
podemos ter uma saúde para ricos e outra para 75% da nossa população composta
de pobres.
Fica
o alerta da nossa triste realidade, contrastando com os anúncios das mídias.
Gabriel
Novis Neves
20-11-2015
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