Nada
mais complexo que tentar entender o mecanismo desencadeante das emoções.
Funcionamos
num turbilhão de ambivalências, medos reais e imaginários, ódios e
idiossincrasias desmedidos, tumultos internos de tamanha intensidade, que nem
as mentes mais inquisitivas conseguem explicar reações tão diversificadas.
Algumas
vezes invejo os alienados, estes sim, distantes e alheios a todas às suas
contradições, sem mesmo se darem conta da existência das mesmas.
Vivem
num mundo quase ameboide, como se os fatos e, principalmente, “os outros”, dele
não fizessem parte.
Eles
não precisam de trocas emocionais, uma vez que elas não fazem parte do seu
universo.
Contentam-se
com o trivial das coisas, o óbvio, sem maiores cogitações, a imagem refletida
nos próprios espelhos - que para eles é sempre a verdade inquestionável.
São
acomodados e a vida lhes parece previamente programada, sem dúvidas, sem
questionamentos.
A
era digital é perfeita para essas pessoas que apenas se reúnem para melhor
compartilhar a sua solidão.
Famílias
inteiras ou grupo de amigos, e até mesmo casais de namorados, passam a maior
parte de seu tempo ensimesmadas num mundo virtual, que nada a ver tem com o
seu.
O
não pensar, minimizando, portanto, ao máximo o mecanismo das emoções, tem sido
a tônica desse mundo atual em que a realidade cada vez menos consegue nos
tocar.
Entretanto,
as poucas pessoas com um HD um pouco mais complexo, inquisidor, estão sempre
dando defeito, tais como os computadores de última geração.
São
portadores de emoções hipertrofiadas, carências sempre crescentes,
contestadores crônicos, atividade cerebral, enfim, próxima ao botão de alerta.
A
neurociência, apesar de toda a recente tecnologia, ainda está longe de detectar
a complexidade de todo esse sistema tão diverso de pessoa para pessoa.
Enquanto
isso não acontece, a dificuldade de relacionamentos por parte da humanidade
mostra-se cada vez mais difícil.
Somos
seres que não conseguem se conectar verdadeiramente uns com os outros, sem
sentimentos de vaidade ou de poder, acreditando ser possível sobreviver nesse
mundo de solidão.
Quem
sabe estaremos ainda numa remota fase evolutiva, havendo necessidade de alguns
milhões de anos para que nos tornemos verdadeiros seres humanos.
Prefiro
acreditar nisso.
Gabriel Novis Neves
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