A escritora cuiabana Sueli Rondon foi conhecer a nossa Pátria Mãe, e nos brindou com mais um de seus apreciados contos.
COIMBRA
“Enquanto a água da torneira escorre pelas minhas mãos ensaboadas, uma xícara branca com desenho de azulejo me reporta à Estação Ferroviária São Bento, localizada na cidade do Porto, Portugal.
Estação antiga e bela com todas as paredes retratando feitos gloriosos em azulejos belíssimos de um passado já distante.
Foi aí que compramos as nossas passagens para a visita para a manhã seguinte que sairia de trem da estação, para conhecer a tão cantada em versos e prosas a cidade de Coimbra.
No café da manhã farto, com pastéis de Belém, croissant e muitos tenros pêssegos e outras frutas, distraímos com o horário da partida.
Com uma valise de mão explicamos aflitos ao senhorzinho taxista de cabeça branca que nos atendeu.
Será que ele conseguiria nos levar até a estação ferroviária São Bento?
Faltavam quinze minutos para o trem partir.
Ele muito solícito (os Portugueses são adoráveis) nos disse que faria um contorno no quarteirão, passaria a estação de trem e nos deixaria na primeira parada mais próxima onde haveria embarque e desembarques.
Com toda a calma do mundo e pé no acelerador conversamos durante todo o trajeto.
Ao chegarmos no ponto da primeira parada, verifiquei que era bem simples, um banco comprido e uma pequena e estreita proteção no teto.
Aproximei-me de uma senhora que já esperava pelo trem mostrei-lhe nossos ingressos e disparei:
Por favor, estes bilhetes estão corretos? O trem passará aqui, pois não? São bilhetes de primeira classe.
Está correto sim senhora e o seu bilhete é para o carro conforto.
Aqui não dizemos primeira nem segunda classe.
Muitíssimo agradecida! Pela informação e lição de moral (pensei).
No Brasil não fazemos distinção com tanto esmero por primeira classe, segunda classe e se houver uma quinta, eu vou!
Enfim, não achei diferença entre a classe comum e a classe conforto!
Quanta confusão a semântica pode causar!
Enfim debaixo de uma chuva fina desembarcamos na plataforma no centro da cidade de Coimbra.
Emoções nos aguardavam.
A cidade é íngreme, muitas rampas, subidas e escadarias até conhecer a tão sonhada Universidade de Coimbra.
Caminhar por aqueles pátios, visitas às salas de aula!
Bibliotecas!
Em qual destas carteiras estudou José Bonifácio de Andrada e Silva?
Considerado o patrono da nossa Independência, filho de um rico comerciante português do Rio de Janeiro, foi enviado à universidade de Coimbra para estudar Direito.
Enfim após longas caminhadas por corredores, pátios e salas, deixamos a Faculdade de Coimbra, deslumbrados com o poder que a história tem de nos emocionar!
Ao retornarmos em direção ao centro, deparamo-nos no calçamento com três universitários a caminho.
Vestiam o uniforme peculiar, símbolo da tradição universitária de Coimbra:
A longa capa preta, camisa social e gravata, calças compridas também na cor preta.
Essa visão completou nosso passeio e saímos à procura de um bom restaurante para apreciar o legítimo e saboroso Bacalhau à
Lagareiro com batatas a murro".
Gabriel Novis Neves
17-08-2023
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