Depois que publiquei a crônica sobre o “guaraná ralado”, muitos leitores me enriqueceram com suas manifestações.
Um deles foi o médico Marcelo Sandrin, professor universitário, membro da nossa academia de medicina, diretor-geral e proprietário do Hospital Santa Helena.
Cuiabano por adoção é de família italiana e mantém a tradição da mesa farta.
Vamos à leitura do médico apreciador da nossa culinária, que incluiu o nosso guaraná nas suas iguarias.
“Por um acaso, numa quarta abafada, não tomei meu tradicional guaraná matutino para encarar bem minhas atividades médicas diuturnas.
Chegando ao consultório emergências me esperavam logo ao amanhecer, e após atendê-las e ao um bom número de pacientes, premiado fui, por minhas assistentes com uma tigela de salada de frutas.
Estando a mesma postada em frente ao meu pote de pó de guaraná, comecei a degustar o mamão, melão, banana, de início tocando no guaraná, avançando mais, aí empanei os pedaços das frutas com o pó e, delicia, porquê não?
Porque não usamos o pó mágico, vindo da profundeza da floresta, o guaraná amazônico-mato-grossense como condimento?
Como farinha, como adição às sobremesas, doces e outras delicias, e aí então um mundo culinário novo, à minha frente se abriu.
Por que usá-lo somente como estimulante com açúcar e água pela manhã, em refrigerantes, alguns xaropes, ou eventualmente como aditivo em vitaminas?
Procuramos na literatura se usado foi, e se alguma contraindicação poderia existir.
Nada encontramos e iniciamos então testes em casa com sobremesas, em saladas frias, em cozidos e em frituras, especialmente em carnes, tendo maior êxito com nossos peixes, e peixes marinhos, aves, ficando as carnes vermelhas em último lugar, pois o ponto de fritura, ficando às vezes o guaraná torrado, não é tão fácil.
As carnes vermelhas ficam gostosas malpassadas, e talvez possamos realizar somente uma adição do guaraná e as farinhas tradicionais conseguindo agradar a todos, mesmo os que gostam de carne bem passada.
Iniciamos então uma “Cozinha Energética”, usando por exemplo frutas com mel e adição do pó de guaraná, molhos de salada com mesmo aditivo, aspergindo em cozidos e no arroz e feijão.
Mas o mais interessante a nossa ver é a utilização do guaraná ralado em grosa grossa, como “farinha” para empanar files de peixes, estando a nosso ver aprovados o pintado, cachará, e o tradicional pacu.
Testamos também em salmão, polacas, tilápias......, estando sempre aberta a nosso entender a adição do guaraná como uma especiaria, uma “pimenta” em todos.
Estou no momento trabalhando com bons nacos de bacalhau.
Supimpa.
Aprendemos no dia a dia de realizações deliciosa, como todo bom descendente de italianos culinária é o meu hobby familiar, que precisamos paciência ao fogão na hora da fritura.
Tendo temperado os filés de peixe, frango ou carne outra, após descanso dos mesmos na geladeira, empanamos levemente com o pó-farinha de guaraná, e em óleo de oliva não muito quente e a fogo médio vamos fritando os mesmos lentamente sem deixar “queimar”, virando delicadamente com frequência, não deixando passar do ponto.
Ao final teremos lindos filés deliciosos, com sabor diferenciado, muito regional, diferente e delicioso.
Convido todos para testarmos juntos e aprimorarmos esta nossa forma nova de encarar um de nossos mais famosos e tradicionais suplementos, o guaraná, agora como um condimento, um farináceo, uma grande delicia, à mais na mesa deste já muito rico manancial de maravilhas da cozinha da região centro oeste e norte. ”
Gabriel Novis Neves
06-08-2023
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