Existem espaços que foram construídos para pessoas com muita saúde se reunirem em datas especais para festejarem as suas conquistas.
Seja mais um ano de vida, a celebração de casamento ou acerto no jogo da mega - sena.
Há mais de um ano frequento mensalmente uma sala de um complexo hospitalar, que não deveria ser um lugar alegre.
Descobri, diante de infecções respiratórias frequentes, que o meu organismo não fabricava imunoglobulinas para inibir essas infecções bacterianas.
Isso depois de anos de pesquisa.
Descoberta a causa do trajeto da bactéria até aos meus pulmões, cujas imagens eram de um eterno vidro fosco.
Foram retirados dois pólipos intestinais e as bactérias, ainda fujonas, encontravam o meu forte sistema imunológico.
Em agosto completo dois anos sem infecção causadas por bactérias ou vírus.
Passei incólume pela pandemia do Covid 19!
A primeira vez que fui ao alojamento coletivo do hospital para o tratamento de homens e mulheres, estava receoso.
O meu quarto coletivo tem seis poltronas de couro preto.
Elas se transformam em semi - leitos.
Uma cadeira escura sem braços apoia as minhas pernas para facilitar o retorno venoso, fazendo a prevenção dos pés inchados.
Olho para o frasco da medicação e noto o gotejar na veia.
Não sinto dor e o acesso venoso está perfeito.
O gotejamento está mais rápido que nas vezes anteriores, com o esvaziamento dos frascos de medicamentos comprados na China ou Índia.
Não sou alérgico a droga, que só pode ser de uso venoso e hospitalar.
Três senhoras, um jovem, um senhor asiático e eu, ocupamos as poltronas, e com certeza, eu era o mais velho de todos.
Durantes as quatro horas em que lá permaneci não trocamos uma palavra.
As mulheres dormiam, o rapaz devia estar assistindo um filme pelo celular com fones nos ouvidos, o asiático atento ao gotejamento na veia e controlando o horário pelo relógio redondo do quarto, e eu escrevendo esta crônica pelo meu celular.
A alegria do ambiente ficava por conta das excelentes técnicas de enfermagem que nos atendiam.
Exemplares profissionais, educadas, prestativas, estavam sempre com um sorriso nos lábios.
O tempo passou rápido e voltei para casa no horário normal do almoço.
A minha enfermeira já deixou marcada para o início de maio a data da nova infusão.
Durante o tempo de espera deverei escrever uma nova crônica.
Gabriel Novis Neves
04-04-2023
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