Os
escritores muitas vezes elaboram durante a noite todas as suas fantasias,
traduzidas como sonhos, principalmente naquele pequeno lapso de tempo que
separa o sono da vigília.
Tal
como os que costumam ingerir com frequência fármacos psicotrópicos, alguns de
nós, mais que outros, elaboram no próprio organismo um excesso de componentes
dessas substâncias que costumam ativar as percepções.
Quem
sabe a qualidade dos textos gerados tenha relação com essa química pessoal?
Conta
a história que o grande poeta francês Baudelaire convidou o filósofo Balzac a
participar de uma dessas sessões regadas ao uso de substâncias químicas, tão
comuns entre alguns intelectuais e artistas.
Um
dos nossos maiores neurocientistas, Sidharta, acredita que drogas psicotrópicas
como, por exemplo, a maconha, podem ativar áreas cerebrais responsáveis por uma
maior criatividade.
Eu,
por exemplo, avesso a qualquer substância que possa de alguma forma obnubilar o
meu livre pensar e agir, tenho tido algumas experiências interessantes, justo
nesse período entre o sono e a vigília.
Algumas
vezes chego a me levantar da cama para fazer anotações que, no dia seguinte,
são transformadas em crônicas.
Há
algum tempo fui dormir dizendo a mim mesmo que queria fazer uma viagem ao
exterior naquela noite.
Por
incrível que pareça acordei na manhã seguinte lembrando-me do belo sonho que
tive - em que revia em Paris um grande amigo já falecido.
Contou-me
coisas de sua vida artística. Suas últimas obras escultóricas estavam fazendo
sucesso nas galerias da Cidade Luz.
Em
seguida falamos de nossas vidas amorosas. Ele me disse que estava no momento
muito apaixonado pela Anita, simples assim.
Claro,
na minha memória, Anita, era a bela Ekberg, a musa que tanto sucesso fez no
filme “Dolce Vita” do mestre do cinema, Fellini.
Ela
foi uma das nossas mais fortes referências femininas dos anos sessenta, ao lado
de Brigitte Bardot, Sofia Loren e Claudia Cardinale.
Com
certeza os mais jovens não sabem de quem estou falando.
Convenhamos
que nem sempre temos a oportunidade de fazer uma viagem gratuita a Paris, tendo
como pano de fundo as fantasias juvenis que tanto nos embalaram nos famosos
anos dourados.
A
nossa caixa cerebral ainda tem muito a ser conhecida, pois apenas nas últimas
décadas tem havido progressos nos estudos neurocientíficos do cérebro.
Muitos
Sidhartas ainda virão até que o grande mistério da vida comece a ser
desvendado.
Mas,
enquanto isso, vamos sonhar e deixar que os sonhos, apenas eles, sem
psicotrópicos, nos levem a uma criatividade sem limites!
E
que as pessoas que conseguem transmitir para o papel toda a magia dos sonhos,
que continuem a fazê-lo, para o deleite de todos.
Gabriel
Novis Neves
06-12-2015
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