“Precisamos
de governos democráticos que não se aproximem do Estado enquanto poder, mas que
se aproximem do Estado enquanto povo” - assim se pronunciou o Presidente do CFM
ao analisar as políticas públicas e a saúde em nosso país.
Nos
países desenvolvidos que adotam as políticas como prioridade de Estado, a
expectativa média de vida pode ultrapassar aos oitenta anos, e as principais
causas de mortes são as doenças cardiovasculares, o câncer, o acidente vascular
cerebral e a demência.
Antigamente,
nascia-se e morria-se em casa. Agora, a maioria das mortes foi transferida para
os hospitais, com passagem obrigatória pelas UTIs (Unidades de Tratamento
Intensivo) nos poucos municípios brasileiros que possuem esse recurso
tecnológico.
Assim,
surgiu um novo padrão moral, com ênfase à dignidade humana como mais importante
que o saber científico ou o lucro.
Comenta
o Presidente do CFM que se instituiu o dever do financiamento da assistência à
saúde pública.
De
acordo com o relatório do Banco Mundial (2013) referente ao ano de 2012, os 10
maiores gastos per capita em saúde no mundo foram, em ordem decrescente, os da
Noruega, Suíça, Estados Unidos, Luxemburgo, Mônaco, Dinamarca, Canadá, Holanda
e Áustria.
Enquanto
a média mundial de gastos públicos em saúde era de 6.08 do Produto Interno
Bruto (PIB), o Brasil investia nesse setor apenas 4.32, contrastando ainda mais
com o dos países não situados nos 10 primeiros lugares do ranking dos de gasto
per capita e com modelos assistenciais semelhantes ao SUS como a Inglaterra
(7.78) e a Alemanha (8.61).
A
expectativa de vida dos brasileiros é de 73,62 anos quando comparada a dos
ingleses (81.5) e dos alemães (80,89).
Na
Alemanha 76,28% de todo o gasto de saúde é bancada pelo Estado e na Inglaterra
esse índice é de 82,51%, números bem mais significativos que do atual índice
brasileiro de 46,42%.
A
dimensão desses paradoxos assume maior relevância se considerar que em nosso
país 150 milhões de pessoas (75% da população) dependem totalmente dos gastos públicos
para a promoção e prevenção das doenças e realização de diagnósticos e
tratamentos.
“Se
levarmos em conta o índice de analfabetismo funcional, a corrupção, a falta de
racionalidade no planejamento e operacionalização do SUS, aumenta a distância entre
a saúde pública no Brasil daquela praticada na Inglaterra, Alemanha e nos 10
países que mais lhe dão prioridade para investimento” - lastima Carlos Vital
Tavares Corrêa Lima.
Pelos
dados divulgados pelo IBGE no ano passado, mais da metade dos 5.570 municípios
brasileiros precisou mandar pacientes do SUS para outros locais em busca de
internação.
Além
disso, 52,1% dos municípios do país foram obrigados a encaminhar pacientes para
realização de exames em outras cidades.
Na
Alta e Média Complexidade o quadro é calamitoso! Apenas em 6.5% das cidades
brasileiras existem disponibilidade de UTI Neonatal em estabelecimentos
públicos ou conveniados ao SUS.
Os
serviços de hemodiálise, indicados a pacientes com insuficiência renal, estão
disponíveis em somente 8.7% dos municípios. Somente 49.6% dos municípios do
Brasil têm estabelecimentos que realizam o parto.
Segundo
o Presidente do CFM, Corrêa Lima, em profunda reflexão, disse ser possível
superar os desafios e construir o nosso destino.
No
momento em que vivemos gravíssima dificuldade financeira, com falta de
credibilidade internacional, lesões da ética e da moral e profunda crise
política, o primeiro passo é compreender as nossas dificuldades na saúde.
Decidir
politicamente que saúde pública é prioridade nacional, sem fronteiras entre a
saúde dos ricos e dos pobres, aproximando o Estado do povo brasileiro.
Gabriel
Novis Neves
04-11-2015
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