Como
se já não bastassem as crises política, econômica, ambiental, social, moral e
racial pelas quais temos sido assolados nos últimos anos, terminamos 2015 com
uma sombria crise sanitária.
Todas
estão interligadas e não podem ser separadas por ordem de importância.
De
dimensões imprevisíveis, por inédita como se apresenta, vem desafiando os meios
científicos em busca de correlacioná-la com o mosquito aedes aegypt, já
responsável pelo vírus da dengue e da febre chicungunha.
Esse
mosquito, catalogado como capaz de transmitir mais de cem tipos de vírus, agora
nos alarma pela transmissão do vírus Zika, sendo este responsável pelas graves
alterações morfológicas nos cérebros de recém-natos, conhecida como
microcefalia.
Só
o tempo vai dizer a gravidade desse novo problema sanitário que, segundo as
mídias, está tomando proporções alarmantes.
O
fato é que as nossas classes dirigentes nunca se preocuparam muito com o
saneamento básico, primordial, nos países desenvolvidos.
Um
país tropical como o nosso mostra o mais profundo desprezo em cuidar dos seus
mares poluídos, seus rios assoreados, suas colinas desmatadas, enfim, de nossos
sistemas ambientais.
Isso
sem falar no desinteresse criminoso no controle de nossas barragens, todas
passíveis de grandes desastres ecológicos com o ocorrido recentemente na
barragem de Mariana.
Há
algumas décadas fomos eficientes no combate à malária, à sífilis e à
tuberculose, conseguindo praticamente erradicá-las em nosso país.
Graças,
entretanto, à miséria sanitária que nos ronda, essas doenças, não só têm
voltado com força, como também várias outras, como a dengue, a febre
chicungunha e agora toda essa interrogação com o vírus Zika.
Como
profissional de saúde durante os últimos cinquenta anos venho batendo nessa
tecla do desprezo das nossas classes dirigentes com relação ao saneamento
básico, apenas focado durante as campanhas eleitorais.
Mais
uma vez, sem educação não há cobrança da sociedade civil por esse saneamento
fundamental para a saúde de nossa população.
O
que fizemos para merecer esse potencial de crises que, diante do desprezo pelo
seu acúmulo, vem tornando todo um país refém de desse lamaçal de
incompetências?
Nesse
momento crítico de nossa história ou reunimos todas as nossas forças para
reverter essa ordem de políticas menores, ou chafurdaremos todos nesse pântano
de subdesenvolvimento não sei por quantos outros séculos.
Onde
andará o espírito democrático de “governar para o povo e pelo povo”?
Por
que pagamos tão caro por serviços tão omissos?
Seria
o momento ideal para que nossa classe dirigente passasse a agir em função de um
interesse maior, o da nação, e não, em função de interesses mesquinhos,
politiqueiros, que apenas conseguem levá-los ao câncer ou ao cárcere.
Não
precisamos de um salvador da pátria, até porque ele não existe, precisamos é de
uma compreensão global da gravidade do momento que vivemos.
Sem
utopias, ainda é tempo de mudar os destinos desse belo país através de uma
grande união nacional baseada no entendimento e na solidariedade, sem vínculos
corporativistas nem vaidades pessoais, mas visando o bem estar desses duzentos
e dez milhões de brasileiros desvalidos.
Gabriel
Novis Neves
10-12-2015
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