Certamente,
muito mais relativas à instituição do casamento do que propriamente aos
cônjuges, acontecem, com tanta frequência, as brigas de casais.
Pessoas
oriundas de culturas diferentes, com diferentes condicionamentos de vida e de
valores são, de repente, jogadas numa convivência diária e promíscua.
O
que anteriormente justificava a razão para esse entrosamento, conhecida
romanticamente como amor, logo se transforma num pesado fardo para ambos que,
imediatamente, tratam de viver em função
de um bem maior, a organização e manutenção da família. Isso nos é ensinado
desde sempre, e se torna um dos pilares da sociedade em que vivemos.
Jamais
fomos consultados se este é o estilo de vida que mais nos agrada. Assim as
nossas escolhas afetivas vão sendo sufocadas pela vida afora, sem mais nem por
que.
Não
é de se estranhar que essa verdadeira prisão emocional, na maioria das vezes
emoldurada por comportamentos hipócritas de ambas as partes, traga inúmeros
problemas de convivência, inclusive para a prole formada nesse núcleo familiar.
A
tendência é sempre culpar as pessoas, esquecendo-se assim de que o grande vilão
é o tipo de organização que impõe a anulação
de um dos cônjuges, ou de ambos, quando se instala o estado de anestesia familiar.
Assim
são empurrados inúmeros casamentos, algumas vezes até considerados muito
felizes pela moral vigente.
Mecanismos
de prosperidade econômica, na grande maioria das vezes, ajudam, e muito, na manutenção da muleta
mútua.
Nas
classes mais abastadas os jovens andam conseguindo soluções criativas - quer
vivendo em casas separadas, quer conseguindo manter a relativa privacidade de cada um, ainda que
num mesmo apartamento.
Como
as pessoas são absolutamente únicas, fica muito difícil que, pelo menos, nos
primeiros anos de convivência, que são os mais complicados, não surjam as
chamadas incompatibilidades.
Fundamental,
a meu ver, seria que cada um pudesse
manter ao máximo a sua individualidade e os seus gostos, desfrutando juntos
apenas os momentos prazerosos
verdadeiros.
Aquela
repetida frase “só vou se você for”, logo se transforma numa grande causa de
angústias e dissabores.
A
independência, em todos os seus aspectos, talvez seja uma das grandes aliadas dos raros casamentos
felizes.
A
natureza, com a sua premência de perpetuação da espécie, impede que uniões
fossem muito mais tranquilas se já feitas na maturidade.
Ao
que tudo indica, na juventude, as grandes causas de discordância são a
financeira, a diferente visão na criação dos filhos e a terrível sensação de
posse que gera o grande destruidor, o ciúme.
Com
o passar dos anos a liberdade afetiva, que tanto aflige a humanidade, já não tem tanta
importância, uma vez que experiências
várias foram vividas na sua plenitude.
Impressionante
como a segurança é diretamente proporcional ao número de anos vividos. Somos
agraciados com um processo de doação
mais fácil e nos tornamos menos exigentes e menos possessivos.
Aprendemos
a amar no outro, não só as suas qualidades, mas também os seus defeitos.
Dialogar
sempre é o melhor remédio, e vem ajudando, e muito, as relações entre os
casais, fato inusitado nas gerações
passadas.
Como
dizia o nosso querido sociólogo Betinho: “As modificações no mundo não correm,
andam”.
Gabriel
Novis Neves
18-10-2013
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