Mais
um Natal! Acordei com um firme propósito: praticar o desapego.
Segundo
a filosofia oriental esta prática consiste em nos desapegarmos de tudo que não
usamos - daquilo que não nos é mais necessário.
A
filosofia ocidental faz exatamente o contrário – torna as pessoas retentivas,
algumas vezes beirando à mesquinharia.
Essa
conta é difícil de ser zerada, até porque, nós, idosos e velhos que moramos
sozinhos, acabamos depositários de tudo que os filhos acham que precisarão um
dia.
Nossas
casas se transformam num emaranhado de grandes entulhos, principalmente quando
há espaço para isso.
Como
já chegamos à fase da não discussão, aceitamos resignados, às vezes nem tanto,
essas imposições que a idade vai trazendo.
Confesso
que gostaria de uma grande jornada de desapego, mas, sei que isto me traria
problemas de outra ordem.
Entretanto,
cada dia invejo mais os ditos egoístas, que conseguem priorizar os seus
desejos, fazendo de suas velhices um mar de liberdades.
Por
agora, conforta-me apenas o sentimento de ser aquele velho cordato, sempre
atento para agradar os circunstantes, tarefa que, convenhamos, muito pouco
consigo fazê-la.
O
mundo mudou além do esperado nesses últimos oitenta anos, e todos os valores
éticos se pulverizaram para as novas gerações.
Tudo
que aprendi foi, não só anulado, como considerado careta e jurássico.
Cheguei
à conclusão, depois de ouvir uma palestra em vídeo, que cada um de nós é um
ecossistema próprio e único, composto de um quadrilhão de microrganismos, e que
somente juntos podemos formar o ecossistema global que sustenta o planeta.
Diante
dessa lógica estamos totalmente vinculados uns aos outros, ainda que no
cotidiano algumas vezes isso se torne muito pesado para nós.
Gabriel
Novis Neves
28-12-2015
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