Dia
desses fui jantar na casa de um jovem casal. Além da novidade, uma grande
expectativa tomava conta do ambiente-surpresa. Esta ficou por conta do chefe da
cozinha, um profissional liberal.
Ele
revelou-se um grande cozinheiro. Especializado em comida portuguesa. O bacalhau
que nos foi servido foi de dar inveja a muitos experts da arte de comer bem.
Nada
de excessos. O suficiente para saber como cultivar o hábito de uma boa mesa
para manter uma perfeita saúde.
A
gastronomia é arte e cultura, aliada ao prazer de uma higiênica e saudável
refeição.
Para
completar o cenário, um belo ambiente com música “digestiva”, quase
imperceptível aos ouvidos, como manda o bom tom, e uma conversa quase em
sussurros.
Pequenas
porções de guloseimas eram substituídas por novas iguarias, impossível
controlar a gula, mesmo de um bem comportado e discreto apreciador de “quitutes
saborosos”.
Duas
taças de vinho acompanhadas do mesmo número de copos de água completavam a mesa
do “pecado”.
Sorvete
de chocolate feito em casa e o infalível cafezinho com as duas gotinhas do
“regime” encerraram o jantar, menos a conversa que continuou num ritmo sem fim.
Sendo
a primeira visita de encontro de gerações tão distantes, segui o protocolo do
século XIX de conhecer a pequena casa com detalhes, ouvindo explicações feitas
com orgulho pela jovem dona da casa.
Gostei
do que vi e escutei. Bom gosto e discrição em todos os ambientes. Tudo foi
planejado para o lazer após um dia de trabalho.
Mas,
o principal, foi ter constatado que aquele ambiente familiar é dos mais
propícios para uma boa educação para os filhos, pois as crianças adquirem os
primeiros valores da vida em casa.
Lá,
todos trabalham, podendo fazer o que gostam sem importunar ou depender de
ninguém para usufruírem das alegrias que o fruto do trabalho oferece.
Como
é bom ser independente e, com bom nível educacional e cultural, viver a vida
que escolheu! Muitos acham, erroneamente, que só a riqueza produz a felicidade.
A
sensação de independência financeira para compromissos domésticos,
principalmente, faz bem à nossa saúde e a do ambiente em que estamos inseridos,
desde que possuamos esses mínimos pré-requisitos para uma vida honrada.
Sou
um forte candidato habilitado a ser bisavô. Espero que a educação para o
trabalho e para o lazer continue para sempre regando os meus descendentes.
É
o caminho mais ético e digno para se acompanhar o ciclo vital. O mundo é
redondo e dá voltas. Por isso mesmo, nos nossos bons momentos, não podemos
nunca nos esquecer do dia de amanhã.
Nosso
lema é viver uma vida com dignidade, sem humilhação. Entenda-se humilhação uma
subsistência dependente de outrem, por não terem sabido ou querido aproveitar
todas as oportunidades que a vida
oferece.
O
pior é pensar que as pessoas escolhidas para essa “ajuda” têm essa obrigação.
Retornei
do jantar satisfeito e com a impressão
de que nem tudo está perdido nos nossos jovens.
Está
provada que a alavanca da ascensão social é a educação recebida em casa e
aprimorada pelas instruções adquiridas na escola.
Nada
acontece por acaso. O talento é essencial, mas sem o trabalho ele se anula.
Sinto-me
com forças renovadas para continuar a minha missão de valorizar a educação e o
ambiente em que é criada uma criança.
Gabriel
Novis Neves
18-05-2014
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