O
sexo feminino é condicionado a se utilizar da arte da sedução dos oito aos
oitenta anos, ao contrário do que acontece com os animais, onde o macho é
sempre o grande sedutor, inclusive, mais bem dotado de apetrechos para essa
finalidade, tais como a beleza e habilidades para o canto e para a dança.
Observar
na natureza esses rituais que precedem a conquista da fêmea é um espetáculo de
rara beleza, principalmente para moradores de cidades do interior que podem se
dar a esse luxo em virtude da convivência mais próxima com os bichos, coisa
dificilmente vivenciada pelos habitantes de grandes cidades.
Desde
a mais tenra idade, meninas já se comportam num clima constante de exibição,
quer no colégio quer no ambiente familiar, e isso é enaltecido pela sociedade.
Todos sabem como elas são sempre muito mais glamorosas com os pais do que com
as mães. Isso é absolutamente normal, desde que bem conduzido pelos
progenitores, responsáveis pelos devidos distanciamentos visando uma boa
educação afetiva sexual futura.
Na
adolescência, com o desencadear do tsunami hormonal, a sexualidade passa a ser
vivida de uma maneira que possa ser eleitos os verdadeiros objetos de desejo de
uma maneira intensa e saudável.
Daí
em diante, pela vida afora, serão colhidos os frutos de uma vida sexual afetiva
prazerosa e, que mesmo com altos e baixos, cumprirá o seu papel no psiquismo de
cada um.
Com
o passar dos anos a indústria da beleza e da estética resolveu investir pesado
também no sexo masculino, e já percebemos, com força, o comportamento de grande
parte dos homens do nosso século, comumente chamados de metrossexuais.
São
homens extremamente preocupados com a sua estética, totalmente submissos à
ditadura da beleza, exatamente como a maior parte das mulheres.
Tudo
isso foi se firmando graças a um excelente trabalho de marketing que vem sendo
desenvolvido pela poderosa indústria da estética desde os finais do século
passado e, principalmente, nos dias atuais.
A
grande gama de novos cremes ditos miraculosos, xampus, perfumes e toda sorte de
adereços apregoados pela indústria da moda como sedutores, vêm fascinando homens
e mulheres e, portanto, cumprindo a sua finalidade precípua, que é gerar altos
lucros.
Lá
se foi o tempo em que as pessoas eram avaliadas mais em função do seu caráter,
da sua inteligência, da sua integridade do que pelo seu aspecto de beleza e
elegância.
Tal
como as mulheres, os homens se pavoneiam e competem entre si na busca de corpos
esculturais, a qualquer preço. As academias estão aí para que isso seja
constatado.
As
mulheres, já acostumadas através dos séculos às mais diversas formas de
dominação, pouco se ressentiram dessa nova ditadura da beleza e da magreza.
Lamentável que isso tenha acontecido justo no momento em que elas tinham
acabado de fazer a maior revolução do século, a sexual e, portanto, tinham se
livrado dos grilhões que as mantiveram submissas por tantos séculos.
O
fato é que nesse jogo hedonista todos perdem. Hipertrofiados que ficam em
função de uma sedução que sempre se mostra pequena em função das metas a serem
alcançadas.
Nessa
perspectiva, crescem o narcisismo e o desinteresse por valores reais, únicos
responsáveis por uma vida vazia e caldo favorável para o aparecimento dos estados depressivos.
A
prática narcísica é sempre incompatível com as trocas afetivas, uma vez que
quem não sai de si não consegue se entregar ao outro de uma maneira saudável.
Sedução
é entrega, e essa só acontece quando nos despojamos do artificial e mergulhamos
nos nossos instintos.
Com
a chegada da menopausa e da andropausa, inúmeras pessoas começam a apresentar
quadros de depressão profunda, geralmente motivadas pela possibilidade de perda
da sedução.
Entretanto,
estudos modernos vêm provando que o cérebro é o grande desencadeador de uma
sexualidade duradoura, e o seu bom funcionamento vem propiciando cada vez mais
velhices alegres e prazerosas.
Gabriel
Novis Neves
25-10-2013
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