A
medicina já começa a se preocupar com a nova doença do século XXI - os
sequelados da era digital.
Tudo
muito relacionado à imensa solidão que dimensiona o número de amigos pela maior
ou menor quantidade de pessoas conectadas virtualmente.
São
pessoas que, para se sentirem permanentemente conectadas, começam a usar de
dois a três celulares. Quando, por alguma razão, a conexão não pode ser
estabelecida, passam a desenvolver sintomas de abstinência, tais com sudorese e
taquicardia.
Isso
já tem sido observado com relativa frequência nos ambulatórios clínicos.
A
tecnologia moderna, apesar de sua absoluta relevância, tem desencadeado
inúmeros casos de dependência, exatamente como as drogas ilegais, já que a
linha entre o usuário digital compulsivo e o viciado em drogas é muito tênue.
Crescem
também os problemas ortopédicos, em função das quedas daqueles que não
abandonam a verificação de suas mensagens nem durante a deambulação.
Dia
desses, numa de minhas viagens ao Rio, durante a encenação de uma excelente
peça teatral, cujo conteúdo demandava uma grande atenção da plateia, um senhor
ao meu lado conferia neuroticamente as mensagens recebidas, numa total
demonstração de compulsividade.
Fiquei
a pensar sobre a gravidade desse fato que se repete em todos os ambientes.
Isso
para os jovens é devastador, já que as nossas mais profundas experiências e
emoções estão ligadas ao tato, ao olfato, à audição e à visão.
São
os nossos bilhões de neurônios sensoriais privados de suas verdadeiras funções
em virtude de uma enorme perda de tempo em busca de emoções virtuais, na
maioria das vezes frustrantes.
Estamos
todos nos tornando cegos em relação às nossas próprias percepções e, portanto,
mais suscetíveis a uma visão de mundo vendida pela obnubilação da coletividade.
Gabriel
Novis Neves
08-10-2015
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