Foi
perguntado a um famoso economista brasileiro qual era, na opinião dele, a crise
mais grave no Brasil. Ele não titubeou em apontar a crise política como a
origem de todas as outras crises.
Interessante
observar que, diante dessa verdadeira catástrofe a que fomos reduzidos, há um
pudor em citar a palavra corrupção como a célula maligna dessa doença que
ameaça nos matar.
Horas
e horas são gastas em discussões acadêmicas tentando explicar a crise na
Europa, na China, e agora atingindo os países emergentes, como o Brasil.
Jamais
ouvimos dizer que tudo teve início no descobrimento do Brasil com a implantação
da corrupção.
Durante
séculos fomos vítimas desse mal e, quando pensamos que a República fosse
resolver o problema, apenas notamos o seu aprimoramento.
Atualmente
a corrupção se transformou em uma organização criminosa complexa, com alta
tecnologia e com operadores superpreparados para as funções.
O
governo, para justificar o total fracasso com a nossa economia e programas
sociais essenciais, defende-se dizendo que o que existe de fato é uma grande
intolerância da classe média para com os pobres.
Os
ricos são parceiros das elites do poder e, como aliados, jamais são citados
como principais causadores desses problemas.
Quando
alguém da quadrilha de assaltantes dos cofres públicos é preso, é considerado
vítima da burguesia insatisfeita com o seu trabalho em defesa dos pobres.
O
pavor de citar a palavra corrupção me fez lembrar a história de um pesquisador
inglês. Para concluir sua tese de pós-doutorado em antropologia, procurou os
índios ao norte do nosso Estado. Com um
enorme gravador tentou captar se um descendente pré-colombiano, ainda que
moribundo, pronunciava a frase “eu vou morrer”.
Saiu
frustrado, pois essas civilizações jamais pronunciam a palavra morte.
Cumprida
a missão, com resultado negativo da pesquisa, retornou a Londres.
Assim
estamos nós, sendo devorados pela corrupção, mas jamais citamos essa palavra
como causa principal de nossos males.
Preferimos
culpar a crise na China.
Temos
intolerância absoluta em confessar a causa principal dos nossos males.
Este
é o Brasil do jeitinho.
Gabriel
Novis Neves
20-09-2015
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