Políticas
equivocadas das nossas autoridades conseguiram fazer o impossível - equiparar o
salário dos garis da Prefeitura do Rio de Janeiro ao salário dos médicos aposentados do mesmo
Estado.
Francamente,
chegamos ao auge do descalabro e do desrespeito com as pessoas que estudaram e que entregaram suas vidas a
mais nobre das profissões! Pelo menos assim ela era considerada em passado
recente.
Com
certeza, a vitória dos garis por um salário mais justo é mais do que válida.
Aliás, toda classe de trabalhador deve sempre lutar por honorários que lhe
permita uma sobrevivência com um mínimo de dignidade.
A
categoria em questão, graças às águas de março, conseguiu, depois de forte
pressão - inclusive com ameaça de uma epidemia, já que o lixo não era tirado
das ruas há uma semana - um salário básico de R$1.100,00, acrescidos dos 40% de
insalubridade e de vale alimentação de R$ 20,00.
Injusto
e indigno é pagar R$ 1.607,00 a um médico com 54 anos de formado. Destes, 35
foram dedicados a trabalhos em condições precárias, em lugares que ainda insistem em chamar de
hospitais e postos de saúde (taxa de insalubridade, nem cogitar...).
Aliás,
o nosso ex-presidente sempre se vangloriou de não ter estudado, fazendo disso
um mérito. Não sabíamos, entretanto, até onde essa política de desvalorização
da cultura se espalharia pelo país afora.
Honestamente,
será que as autoridades ainda têm algum
tipo de sensibilidade para conviver tranquilamente com tamanho aviltamento?
Só
nos esquecemos de mencionar que greves de trabalhadores no setor de limpeza
pública atrapalham, e muito, os resultados eleitorais.
No
caso dos médicos, juramentos morais feitos na juventude, impedem conquistas
morais análogas e, portanto, não merecem respeito da classe que detém o poder.
Greves
médicas, sempre parciais, são até bem-vindas, pois significa economia para os cofres públicos, numa triste ironia.
A
carreira de médico perde o seu valor na medida em que cuida da saúde de uma mão
de obra que também não tem o menor valor.
Afinal,
que importa trabalhadores saudáveis num país que tem mão de obra em excesso e,
portanto, barata e fácil de ser substituída?
Além
do mais, a terra está aí mesmo para cobrir tanto descaso.
Gabriel Novis Neves
09-03-2014
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