Certa
ocasião, o meu querido amigo e jornalista Marcos Coutinho, fundador do site
Olhar Direto, me confessou que viajava muito. Entretanto, a preocupação com a
arrumação da bagagem nublava o grande prazer causado por esses deslocamentos.
Resolveu
então viajar apenas com os documentos essenciais e o cartão de crédito. Nada de
malas ou bagagem de mão.
Ao
chegar ao seu destino adquiria os artigos necessários. Roupas novas, mesmo de
preços baixos, são sempre bonitas nas vitrines das lojas.
Antes
de retornar deixava para os empregados do hotel tudo o que tinha comprado.
Explicou-me
que essa medida simplificadora poupava-lhe tempo e aborrecimentos.
Disse-lhe
que esse hábito, embora de aparência extravagante, fez-me lembrar de quando
éramos crianças. Os pais eram os encarregados de tudo que uma viagem exigia, e
a criança viajava sempre de mãos vazias.
Com
a maturidade, no exercício da plena cidadania, os compromissos sociais vão
aumentando, assim como a quantidade de tralha a ser deslocada, que acaba se
confundindo com nós mesmos.
Já
adquirimos manias e, com elas, objetos desnecessários já fazem parte do nosso
dia a dia, e nem conseguimos imaginar qualquer deslocamento sem eles, por menor
que seja.
A
chegada do mundo digital trouxe com ela a bolsa masculina, absolutamente
imprescindível para acomodar a parafernália sem a qual a vida se tornou mais
difícil, para alguns até impossível.
De
resto, achei essa ideia da compra de
novas roupas no local de visita, sensacional. Além do compromisso com a
praticidade, estaríamos dando vazão à necessidade do consumo, negadas por
muitos, mas presente em todos nós. Afinal, explorar a vaidade de cada um é uma
meta do sistema, ou não é?
Que
tal usar o tempo de sobra em práticas mais saudáveis, como irà biblioteca dos
modernos hotéis para uma leitura sempre útil. Desfrutar de uma boa música ou
até entrar na Internet para fofocar, moeda bem aceita entre nós. “Só não pode
botar mãe no meio", como diz meu amigo Villa.
Como
é bom ser criança! E as crianças são loucas para crescer evirar adultos.
Coutinho
tinha razão. Nasceu e morreu criança.
Gabriel Novis Neves
02-02-2014
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