Estamos
carecas de saber que quando erramos a culpa é sempre do outro.
Isso
já é uma cláusula “pétrea” da nossa cultura. Precisamos de muita “escola” e,
principalmente, humildade para reconhecermos e corrigirmos os nossos próprios
erros.
Que
gesto bonito é este! Deveria ser imitado.
Dia
desses aconteceu, nesta bendita terra de São Benedito, um fato único e
inusitado, pelo menos para mim.
Um
engenheiro do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) concedia uma
entrevista em uma rádio local, e o assunto era a bananosa em que o governo se
meteu com a execução das obras da Copa.
Atrasos
de cronogramas de todas as planilhas de intenções assinadas com a FIFA (dona do
evento), inaugurações com festas, placas e discursos em obras inacabadas e,
principalmente, a má qualidade das construções.
A
três meses do início dos jogos o nosso campo de futebol, chamado de Arena - a
única retangular, contrariando o secular entendimento que vem desde o Império
Romano quanto a sua forma circular – ainda não tem as suas quarenta e quatro
mil cadeiras fabricadas. Hoje, apenas cerca de doze mil estão aparafusadas na
Arena retangular.
O
gramado importado dos Estados Unidos da América do Norte, após vencer uma crise
de pragas tropicais e as chuvas torrenciais, ainda não obteve autorização para
ser testado.
O
Ministério Público está preocupado com a ausência de uma resposta convincente
sobre a estrutura da “joiazinha” de quase um bilhão de reais após um incêndio
misterioso.
O
estacionamento e as obras do entorno da Arena ecológica, que joga o seu esgoto
“in natura” no córrego e daí ao Rio Cuiabá contaminando o nosso pantanal, não
foram iniciadas.
Aeroporto
fica por conta de São Tomé, no dizer do Ministro da Aviação Civil, um dos
trinta e nove deste governo.
Os
viadutos, recém-emplacados com o nome dos responsáveis pelas obras, estão a nos
envergonhar com as novas reformas.
Em
nenhuma delas consta o nome do CREA como órgão fiscalizador, e sim, das
autoridades dando o selo de qualidade para a excelência da obra e do
homenageado.
Algumas
obras que obtiveram incentivos fiscais concedidos pelo governo federal, com
efeito cascata nas arrecadações estaduais e municipais para serem entregues
para a Copa, não têm nem data para a sua utilização.
É
o caso do transporte modal VLT, cujo valor está em torno de um bilhão e
seiscentos milhões de reais.
Os
otimistas oficiais acham que daqui a três anos teremos essa conquista
tecnológica implantada e funcionando.
Com
relação às trincheiras nem gostaria de escrever sobre o descaso como foram feitos
os projetos, mas vou exemplificar abaixo o caso de uma.
O
projeto da trincheira da entrada do bairro Santa Rosa, uma das mais importantes
e de maior visibilidade, foi feito de forma tão catastrófica, que durante as
escavações encontraram um grande empecilho – a adutora de água tratada que
servia àquela região. Resultado: obra paralisada até a elaboração de um projeto
auxiliar de grande sofisticação tecnológica.
Não
ficará pronta para a Copa, e seu custo final será exorbitante, segundo relato
da própria SECOPA e Tribunal de Contas do Estado.
Pois
bem, a essa altura entra no ar o responsável pelas placas das inaugurações e,
contrariado com o relato técnico do engenheiro do CREA, diz que tudo de errado
que está acontecendo deve-se única e exclusivamente aos engenheiros de Cuiabá.
Ora
bolas! Os projetos não foram feitos por eles, tampouco o planejamento, a
execução e o monitoramento das obras, realizadas por poderosos consórcios
multinacionais.
O
pior é que aquilo que há oito anos fora programado para ser uma grande festa
com apoio popular, hoje é considerado como prova de incompetência de um
governo, e outras coisas mais.
A
nossa sorte é que, contrariando a opinião pública, fomos informados
oficialmente que os culpados pelo fiasco das obras são os nossos engenheiros.
Ainda
bem que saberemos a quem punir nas próximas eleições...
Gabriel Novis Neves
02-03-2014
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