Diferente
do romancista, cronista, articulista, o poeta consegue em uma simples rima,
traduzir com perfeição o mundo que vivemos.
Matéria
para várias enciclopédias, ele tem o poder de com a sua poesia, que são simples
palavras agrupadas e curtas frases, transformar a nossa dura realidade em
sonhos inesquecíveis pela sua beleza estética e, dura realidade humana.
Quem
conseguiria viajar em um minuto por todos os nossos sentidos, não se esquecendo
de sequer um simples detalhe?
Só
o poeta é capaz de cumprir essa proeza, privilégio para poucos.
Um
minuto é a duração máxima de um beijo (Vinícius de Moraes). O poeta, no seu
poema “Um beijo”, esticou esse minuto em uma verdadeira varredura em todos os
recônditos das nossas emoções.
Descreveu
magistralmente, os segundos de um minuto de um beijo e, navegou no mar que
sempre foi o seu, o das fantasias dos apaixonados.
“Em segundos de espanto, quantos milhares de
bocas estão uivando de sofrimento!
Quantas
crianças nascendo para morrer em seguida.
As
esperanças perdidas fazendo nascer um mundo de mal amadas.
Quantos
doentes neste minuto estão recebendo a extrema-unção.
Quanto
sangue derramado, dentro dos corações.
Quantos
cadáveres sozinhos em mesa de necrotério.
Quantas
mortes sem carinho.
Quanto
câncer sub-reptício cujo amanhã será tarde.
Quanto
enfarte do miocárdio.
Quanto
medo, quanto pranto, quanta paixão, quanta luta”!
Tudo
isso pelo encontro de um beijo de um minuto, desse beijo de um minuto, mas que
cria em seu tempo, a eternidade da vida à morte.
Só
um poeta tem tanto assunto, para apenas um minuto de poesia.
Gabriel Novis Neves
17-01-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.