O
fascínio que as pessoas conhecidas exercem sobre um grupo considerável da nossa
população é impressionante.
Esse
conhecimento público lhes outorga o título tão cobiçado de celebridade,
invejado por muitos e idolatrado por todos.
A
maioria é fruto da exposição prolongada pelas várias mídias, mas há os que são
produtos das suas vidas não convencionais, fora dos valores da ética
considerados válidos.
Geralmente
são artistas, jogadores de futebol, esportistas, milionários, aqueles
considerados fora da lei e, até, políticos medíocres envolvidos em escândalos
com o erário público.
Durante
o desfile das Escolas de Samba na Avenida Marquês de Sapucaí, o que mais
encontramos são celebridades, algumas até importadas.
Lembram-se
da “sem calcinha” que, em companhia privilegiada, tornou-se uma rica
celebridade?
Certa
ocasião fiquei sem entender o delírio que os beneméritos das Escolas de Samba
causavam quando apareciam na quadra do desfile, ou tinham seus nomes anunciados pelos microfones do
megaevento internacional.
Esqueçam-se
das fantasias dos anônimos figurantes, dos carros alegóricos elaborados com
tecnologia de ponta, da beleza dos sambas enredos, da harmonia da bateria, do
deslumbramento visual e da disciplina com o horário.
As
celebridades maiores ali eram os homens de correntes grossas e enormes, com o
medalhão de brilhantes no pescoço, cujas proezas e fortunas se tornam invejadas pela comunidade e até por altas
figuras da sociedade.
Suas
escolas são de comunidades pobres, porém as celebridades moram nos mais
valorizados apartamentos triplex da zona sul do Rio de Janeiro.
São
perseguidos pela TV e centenas de fotógrafos, num raio permitido pelos seus
especializados seguranças.
A
celebridade é endeusada e rapidamente
transformada em mito num país com poucas
referências. É uma unanimidade que tem o
poder de não produzir idiossincrasias à ética, à moral, aos bons costumes.
Deixam
de ter valor a sua ideologia política, a
sua cultura religiosa ou acadêmica, a sua conduta como ser humano. Passam a
contar apenas os brilhos e paetês que aquela pessoa conseguiu, ainda que por
pouco tempo, a tão desejada imagem do sucesso. Vemos, inclusive, pessoas de bom
nível sócio cultural reverenciando essas figuras, muitas das quais dignas de
pena.
Posar
em foto com elas é o sonho de milhares de carentes. Tal como num espelho, é
como se elas se vissem refletidas na imagem almejada.
As
celebridades produzem felicidade para os seus seguidores, e até melhoram seus
males físicos ou emocionais.
Elas chegam a ser um bem em um mundo incerto e
vazio, repleto de infelicidade e desencanto.
Torna-se
meta ter uma foto com uma celebridade guardada numa pequena bolsa de
documentos. Triste, não?
Gabriel
Novis Neves
23-01-2014
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