No
dizer de Vinícius de Moraes, escrever crônica é “ter uma conversa íntima e
livre que, partindo do seu interesse pessoal, vai, de fato, interessar a todos
seus leitores”.
Longe
de mim me julgar um cronista. Sou fazedor de anamneses que, pela singeleza da
abordagem dos assuntos, me agradam.
Sorte
é que, às vezes, essa sensação é compartilhada com alguns, pois escrevo sempre
para mim.
Acho
interessante quando um amigo me diz que escrevi determinada crônica para mim.
Correto. Apenas, há a compreensão de poucos.
Quando
publiquei “A barata voadora”, senti que fui acolhido pelos leitores.
Para
quem se propôs a publicar um artigo por dia, e esse número já alcançou mil e
seiscentos textos, há necessidade de termos um freio, que vem da crítica e da
sensibilidade do escritor.
Escrever
temas livres, e não apenas os especializados, tipo um assunto só, oferecem esse
leque de oportunidades para se livrar da repetição e mesmice.
Assuntos
como política cansam, pois não há fatos novos. Seus conteúdos estão todos em um
mesmo saco.
De
vez em quando me aventuro nessa área, mais por revolta, e vejo que o que existe
é a troca de seis por meia dúzia - que me perdoem os “estadistas” autointitulados.
Derivo
para escrever sobre o cotidiano. Depois de certo tempo percebo que ele é sempre
o mesmo, e nós é que mudamos.
O
que fica para sempre é o devaneio pela poesia, onde se criam personagens com os
quais passaremos a conviver.
Nesses
textos brotam a criatividade, cuja estrutura genética é semelhante à de
humanos, pois são sempre diferentes.
A
repetição de temas de narrativas é penosa para o escritor e o leitor.
A
poesia é tão sofisticada na sua forma de comunicação, que aqueles que a
apreciam são até considerados pessoas anormais, como se fosse possível definir
quem é normal.
Existem
os gênios desse gênero, como Fernando Pessoa, que, de uma autocrítica,
conseguiu emocionar gerações, como no seu “Poema em linha reta”.
Temos
necessidade de conviver com gente, e não a encontramos com facilidade.
Parece
que estamos sozinhos neste mundo de vencedores e super-heróis.
Como
é bom encontrar e conviver com gente com os nossos defeitos e sofrimentos.
Fragilidades e sonhos. E a cumplicidade como pilar dessa vida de gente.
Gabriel Novis Neves
10-01-2014
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