Com
o aumento da expectativa da vida entre humanos, o adjetivo “ridículo” passou a
ser empregado, por algumas pessoas preconceituosas, ao se referirem aos atos
dos idosos. Muito se tem escrito sobre isso.
Leio
e, como idoso, me divirto com a maioria dos conceitos emitidos, mesmo pelos
considerados especialistas na arte de envelhecer.
Isso
confirma aquela velha história que diz que a prática é bem diferente da teoria.
Há,
como em outros períodos da nossa existência, coisas boas e não tão boas assim,
que só os privilegiados conseguem alcançar e viver na sua plenitude.
O
saldo é altamente positivo nessas condições.
Entretanto
os idosos, mesmo sendo a velhice a época da dita sabedoria, às vezes, não têm
nenhuma noção do “ridículo” com o qual
são coroados nos seus arroubos juvenis.
Isso
é frequentemente observado quando os velhinhos, entusiasmados por fatores
endógenos e raramente exógenos, vão a shows em casas noturnas ou apenas
frequentam lugares de mais boemia e descontração.
Embalados
pelo ambiente, a alegria é inevitável, e, aí, são catalogados pelo preconceito,
como em atitude não compatível para a sua idade.
Justificam
que eles se tornam verborrágicos, engraçadinhos, infantilizados e, até,
ridículos.
Com
pessoas inteligentes essa situação é vista com naturalidade e contornável
facilmente.
Nada
melhor para administrar um idoso que outro idoso.
Tudo
passa sem deixar traumas ou sequelas, pois nesses casos o tudo é o nada.
Essas
incompreensões têm me chamado a atenção, não com a frequência necessária para
me tornar um expert nesse assunto.
Não
entrarei na etiologia dos males ou dos bens que levam os “infelizes” velhinhos
aos momentos de alegria.
Geralmente,
são bens de amor. E se é que eles precisam ser curados, o próprio amor resolve.
A
verdade é que nós queremos os nossos velhinhos em casa, em sua cadeira de
balanço lendo classificados dos jornais e comentando que tudo está tão difícil
e com os preços pela hora da morte.
Também
existem os bonzinhos, adaptados ao sistema hipócrita e castrador, geralmente
familiar, que pensam muito na inevitável morte ou, mais corretamente, no final
da nossa existência.
Agora,
velhinho saliente é muito bom e divertido, mas só se for avô dos outros. Nosso?
Não! Nunca!
Que
incompreensão com essa derradeira - ainda que angustiante - bela fase da vida!
É,
tenho que concordar com Luis Fernando Veríssimo quando diz que “... desconfio
que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo”.
Só assim mesmo é que o idoso pode viver sua vida intensamente, e como melhor
lhe aprouver.
Gabriel Novis Neves
22-01-2014
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