terça-feira, 25 de julho de 2023

PESQUISANDO


Estou disciplinadamente sentado em frente ao meu computador como faço todas as manhãs procurando notícias para escrever a minha crônica.


De cara encontro uma até então inédita para mim, e acredito para a maioria dos leitores.


Diz a matéria, que está na rede mundial da internet, que cientistas estão trabalhando há anos para conseguirem fazer chegar até à classe médica um novo e eficiente tratamento para a cura das doenças intestinais, diarreias crônicas, infecções e inflamações intestinais.


Esse método consiste no transplante de fezes.


Não sei como isso vazou dos laboratórios de pesquisa e chegou aos meios de comunicação, que rapidamente se espalhou pelo mundo.


Só devemos dar credibilidade às notícias médicas publicadas em revistas científicas, e são poucas as existentes.


Num país tropical, onde são frequentes as doenças intestinais graves, imagino o que os leigos que têm acesso a matéria e são portadores de doenças intestinais estão fazendo.


O Brasil é um país de dimensões do Brasil, em que não existe a carreira de médicos, como no Judiciário, Forças Armadas, Fazenda, e faltam médicos em muitos municípios.


Temos até excessos de escolas médicas e médicos, mas nos faltam políticas públicas de interiorização.


Resultado: há uma concentração de médicos nas grandes cidades exercendo as sub-especializações.


Eu mesmo sou morador de uma cidade de 650 mil habitantes, com três boas escolas médicas, e tenho os seguintes médicos: um cardiologista geral, um cárdio de ecocardiografia torácico, um cárdio de ecocardiografia transtorácico, um clínico de doppler de carótidas, um cárdio intervencionista, um pneumo, um infecto, um gastro clínico, um ortopedista, um neuro, um reumato, um endócrino, um dermato, um otorrino, um oftalmo, um urologista, um cirurgião plástico, um imuno e um psiquiatra.


Todos esses profissionais são amparados por laboratórios de patologia geral, imagens e análises clínicas.


Para cuidar de um idoso saudável recorro a dezenove excelentes especialistas, impossível de se encontrar em uma cidade pequena.


Muitas dessas especialidades possuem subespecialidades.


Dia desses encaminhei um paciente portador de hérnia umbilical para um cirurgião geral de abdome que só opera por vídeo.


Retornado ao assunto da crônica, que é o transplante de fezes.


Qual o especialista que fará esse transplante e como será feito.


Num país onde até índios da selva manipulam o computador, e nessas áreas longínquas do nosso território não há médicos pois faltam políticas públicas, repito, têm pacientes à morte de doenças intestinais que deverão estar fazendo transplantes de fezes.


Como?


Não sei.


No Centro de transplantes de fezes da Universidade Federal de Minas Gerais fazem por colonoscopia, e seu custo é de 200 mil reais.


Está sendo realizado experimentalmente, e três pacientes transplantados tiveram resultados excelentes.


Gabriel Novis Neves

20-07-2023






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