Que eu me lembre, esse aniversário foi bem diferente de todos os outros dos anos anteriores.
Dos quatro primeiros anos de vida não me recordo, apenas tenho uma foto sentado numa cadeira de criança com babador e a minha mãe com Yara nos braços.
Em frente à mesa forrada com uma toalha branca toda bordada, com bolos, salgadinhos, doces e sucos de frutas naturais.
A cerimônia dos comes e bebes só tinha o seu início após a chegada do professor Ezequiel de Siqueira e seus inúmeros cães.
Ele fazia um breve discurso de improviso desejando felicidades ao aniversariante e terminava sempre com os versos de - “batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão, menininha quando dorme, põe a mão no coração”.
Estava aberto o aniversário e ele era o primeiro a ser servido em um pratinho de papelão com talheres de plástico.
Em todos os meus aniversários da época de criança que passei na rua de Baixo, o professor Ezequiel nunca faltou.
Essa tradição há muito desapareceu de Cuiabá e Professor Ezequiel de Siqueira virou nome de Escola Pública.
Conhecia profundamente física, química, matemática e o idioma português.
Poliglota, lia e falava fluentemente o esperanto e fazia numerologia.
Depois que mudei para a rua do Campo, até a minha ida para estudar no Rio de Janeiro, não me lembro das comemorações do meu aniversário.
No período de estudante de medicina e médico, guardo a lembrança dos meus vinte anos, com jantar de “Maria Izabel” no apartamento da minha tia Alba, na rua Sá Ferreira, em Copacabana.
Já em Cuiabá lembro que comemorei meus quarenta anos jantando no restaurante Cacimba em Santo Antônio do Leverger, com Regina e meu primo Carlos Alberto Botelho, que pernoitou por acaso aqui e foi me visitar.
Regina era de 4 e eu de 6 de julho e ela fazia questão de comemorar essas datas sempre no dia 6.
Monica se casou quando comemorei 50 anos e comemoramos juntos com a família e amigos na rua Major Gama.
Fazia muito frio e Therezinha Vieira preparou uma macarronada inesquecível.
Depois que mudamos para a rua Estevão de Mendonça sempre comemorávamos nossos aniversários cercados de familiares e amigos.
Quando Regina completou 60 anos, meus filhos quiseram lhe fazer uma homenagem especial em um clube da cidade.
Ela não aceitou, então me fizeram uma festa surpresa no clube comemorando meus sessenta e nove anos.
Nunca recebi tantos presentes como nesse aniversário!
No ano seguinte Regina já não estava entre nós e eu deixei de comemorar minha data de nascimento.
Quando completei oitenta anos meus filhos fizeram uma grande festa em meu apartamento para marcar a data, reunindo meus familiares e amigos.
Depois, com problemas de saúde e a pandemia, a data era sempre lembrada pelos meus filhos, netos e bisnetos.
Algumas vezes nem pude sair do quarto para beijá-los.
Nos meus oitenta e oito anos recebi durante todo dia visitas de amigos, amigas, afilhadas e irmãs.
À noitinha minha filha contratou um bufe para servir frios à minha já enorme família.
Senti o carinho de todos os presentes e o amor emocionante dos meus bisnetos com beijos e abraços sem fim.
Que maravilha!
O amor da família não tem preço!!!
Gabriel Novis Neves
07-07-2023
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