Com a morte do músico e compositor João Donato, ficaram apenas entre nós a política profissional Marina Silva residente em São Paulo, onde se elegeu deputada federal e é ministra atualmente, e a autora, escritora, roteirista e produtora brasileira, Glória Perez.
As outras personalidades já nos deixaram, como o jornalista e escritor Armando Nogueira, o médico e político Enéas Carneiro, Prof. Adib Jatene um dos pais da cirurgia cardíaca no Brasil e Ministro da Saúde, Jarbas Gonçalves Passarinho militar e político, sertanista Chico Mendes.
Só não tive contato pessoal com Glória Perez e Chico Mendes.
João Donato era meu contemporâneo e eu o conheci tocando piano na boate do Hotel Plaza Copacabana.
Quando podia ia ouvi-lo cantar e tocar A Rã.
Até hoje o assisto pelo Youtube para ouvir a harmonia das suas músicas e A Rã.
Foi um dos fundadores da bossa nova e sempre cantou ritmado e baixinho.
Conheci Armando Nogueira como cronista esportivo apaixonado e diretor de Jornal, Rádio, TV.
Fundador do Jornal Nacional e Globo Repórter, sendo um botafoguense roxo.
Seu corpo foi velado no Maracanã. Escreveu dez livros, todos sobre esportes.
Fez de tudo e foi tudo no jornalismo.
Enéas Carneiro foi professor de cardiologia e um dos brasileiros mais inteligentes que conheci.
Publicou vários livros e suas palestras eram concorridíssimas.
Sabia como ninguém aproveitar os minutos da televisão, e se tornou um político profissional.
Quando faleceu era deputado federal por São Paulo.
Sua votação era tão extraordinária, que com as sobras dos seus votos conseguia eleger até cinco dos seus suplentes.
De todos esses acreanos foi com Jarbas Passarinho que tive um maior relacionamento, podendo chama-lo de amigo.
Conheci-o em 1964 quando era Ministro do Trabalho e o ministério, como outros ainda funcionavam no Rio de Janeiro.
Nessa época eu já estava casado com a neta do Embaixador Coelho Lisboa e morava em sua casa na rua Paissandu.
Luís Antônio da Gama e Silva foi o Ministro da Justiça da Revolução, tinha sido Reitor da USP e chamado entre os íntimos por Gaminha.
Era parente do Embaixador e após o final do expediente ia à casa da rua Paissandu tomar whisky e conversar.
Eu participava das conversas como ouvinte, quando aprendi muita história do Brasil que não é contada em livros.
Retornei para a minha cidade natal e em 1968 era secretário de Educação do Governo Pedro Pedrossian.
Pedrossian havia sido demitido de engenheiro da estrada de ferro Noroeste do Brasil.
A oposição na Assembleia Legislativa estava toda mobilizada para o segundo processo de cassação de Pedrossian.
No primeiro o governador foi absolvido pelos braços do povo e continuou governando Mato Grosso.
Pedi autorização à Pedrossian para consultar o Gaminha, o mais duro Ministro da Justiça, do período dos militares no poder.
Fui a audiência e depois o ministro me levou ao gabinete do ministro do Trabalho, que ficava no mesmo prédio.
Ele me apresentou ao Passarinho e bateram um longo papo em minha presença.
Com a morte do Presidente Costa e Silva, Gaminha retornou para a USP e assumiu a cátedra de Direito.
Passarinho foi nomeado no governo Médici como Ministro da Educação.
Foi ele que reenviou a mensagem que Tarso Dutra tinha enviado à Junta Militar e esta devolvida à Presidência da República pelo Congresso Nacional, solicitando a criação da universidade federal de Mato Grosso com sede em Cuiabá.
Em 10-12-1970 em Campo Grande o ato de criação da nossa FUFMT foi assinado pelo Presidente Médici e Ministro da Educação Passarinho, na presença do Governador Pedrossian e eu como Secretário de Educação de Mato Grosso.
Passarinho ocupou vários ministérios em governos diferentes e eleito Governador e Senador pelo Estado do Pará, onde foi à procura do ensino e viveu.
É o único dos citados que era meu amigo.
Que saudades dos acreanos que venceram na cidade grande!
Vou ouvir A Rã.
Gabriel Novis Neves
18-07-2023
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