quarta-feira, 12 de julho de 2023

CUIABÁ SEM PEDAÇOS


Meu avô Dr. Alberto Novis era médico formado pela faculdade federal de medicina de Salvador (Bahia) no século dezenove.


Defendeu tese de doutorado e retornou para sua cidade natal para exercer com sabedoria a sua profissão de médico generalista.


Em 1913 com diminuição acentuada da sua audição foi procurar socorro médico na Europa desenvolvida.


Após consultar com especialistas franceses e alemães, voltou para Cuiabá.


Sua surdez era total e definitiva.


Exerceu outras funções nas empresas do seu sogro, e em 1920 foi diretor da 1ª fábrica de cerveja de Cuiabá, que ficava em Várzea Grande às margens do Cuiabá.


Inconformado com o não exercício da sua profissão de médico, ele soube anos depois que no Rio de Janeiro a universidade federal estava formando especialistas em otorrinolaringologia.


Foi ao Rio, fez a especialização e retornou à sua cidade natal para continuar a exercer a sua profissão de médico.


Foi o 1º otorrino de Cuiabá, tendo atendido seus pacientes até a chegada dos novos colegas otorrinos.


Fez de tudo para que eu me tornasse otorrino para lhe suceder.


Existia um antigo casarão com sobrado entre as ruas Campo Grande e Sete de Setembro que veio a desabar e seus escombros retirados.


No local foi construído uma pracinha com o busto do meu avô e alguns bancos de madeira pelo prefeito Vilanova Torres (1971-1974).


Fica no Centro Histórico de Cuiabá, e na inauguração só a família compareceu e raros amigos.


O busto de bronze foi doado pelo seu filho único, o médico sanitarista Oswaldo Novis.


Ficava em cima de um pedestal de cimento bem colado.


As prefeituras nunca cuidaram deste pequeno espaço público que homenageava ao médico pioneiro, empresário, jornalista, poeta, político, desenhista.


Seu busto está decapitado e sem parte do ombro.


Seu pedestal está com a inscrição em letras escuras e garrafais – CV!


Não acredito que alguma providência será tomada pelos órgãos competentes.


Estou presenciando a Cuiabá sem pedaços.


Ainda há gente que acredita na preservação da nossa memória histórica!


Gabriel Novis Neves

28-06-2023






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