Bem antigamente as pessoas se reuniam nas calçadas das suas casas, nos bancos dos jardins ou após às missas dos domingos, para conversarem.
Como essa gente antiga, sem os modernos meios de comunicação, como rádios, jornais diários, televisão, internet tinham assuntos para conversar!
Os papos eram longos e prazerosos repletos de novidades.
Hoje com toda essa parafernália que nos possibilita instantaneamente saber tudo que acontece em qualquer parte do mundo, não temos o que conversar.
Uma cobra coral atacando no mar da Oceania sabemos aqui em tempo real.
Vivemos intoxicados pelas notícias e não temos assunto para conversar com nossos amigos.
Bem antigamente nossos almoços eram alegres e todos seus participantes, do mamando ao caducando tinham novidades para contar.
Quando alguém permanecia calado era sinal que estava doente.
Logo era encaminhado ao médico da família que lhe receitava óleo de rícino em jejum.
Antigamente não conversar era sinal de doença e criança quieta que não conversava era vista por adultos como “criança com febre”.
Com a implantação da política do “politicamente correto” hoje ninguém mais conversa à vontade para não ficar mal com os seus pares.
Ficou tudo tão falso que hoje em dia nos impusemos a autocensura para que não nos aborreçamos tanto.
Leio diariamente um montão de notícias que mereceriam, pelo menos, uma observação minha diante de tamanhas injustiças ou inversão de valores humanos.
Para comprar a minha tranquilidade prefiro ficar em silêncio, e continuo sem assunto para conversar.
Estamos atualmente escondendo os assuntos importantes das nossas conversas embaixo dos tapetes das salas de visitas.
Hoje tudo está judicializado e um inofensivo galanteio à uma bela mulher, dá BO (Boletim de Ocorrência) em Delegacia de Polícia necessitando da convocação de um advogado e pode terminar em prisão.
Galanteio é considerado assédio sexual grave.
O mundo mudou tanto que hoje devemos nos guiar pelo Código Penal e mandar às favas os nossos mais puros sentimentos de amor, afeto e justiça social.
O momento está bom para os nossos teatrólogos, pois estão protegidos pela “lei da liberdade de expressão”.
Podem comentar e abusar desse cerceamento que nós simples mortais sofremos nas nossas conversas e comentários.
O conceito de arte no Brasil é intocável, embora não saibamos bem o que significa arte pelos zelosos da nossa integridade moral.
E o que dizer dos modernos equipamentos espiões que gravam, filmam e localizam as nossas conversas, geralmente para o mal.
Hoje todo mundo sente muito medo, evitando ao máximo as antigas conversas nas calçadas das nossas casas ou das confidências das mesas de um bar.
Os românticos estão em extinção, pois o romantismo se inicia com a “promiscuidade” da confiança mútua.
Pagamos uma fortuna para termos cinquenta minutos de conversa com um psicanalista em quem confiamos profissionalmente.
Não reparamos que nos tornamos cretinos vítimas de nós mesmos e ninguém confia em mais ninguém.
Preferimos jogar esse desumano problema de não mais poder conversar aconchegantemente ao “sistema”, que são criaturas debilóides que veem isso como problema político.
Misturar sentimentos com política partidária nunca deu certo e cada vez ficamos mais distanciados das conversas que tão bem fazem ao nosso coração.
Vivemos policiados nas nossas conversas e nos tiram as emoções de uma comunicação sem as amarras do politicamente correto.
Bem antigamente tudo era mais simples, hoje tudo está difícil.
Será que a modernidade é assim?
Com a eliminação das antigas conversas nas calçadas das nossas casas, dos bancos dos jardins e após as missas dos domingos?
Hoje somos a solidão nas multidões e tudo ficou muito chato mesmo.
Gabriel Novis Neves
06-02-2023
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