sexta-feira, 24 de março de 2023

DEFINIÇÃO DE CRÔNICA


Nunca consegui ler um discurso de posse de um acadêmico da Academia Brasileira de Letras.


Seus membros, para demonstrarem erudição, leem extensas páginas de papel com frases formadas por vocábulos pouco conhecidos por nós, transformando em suplício a audiência.


Na vida não podemos dizer que algo nunca acontecerá conosco.


Recebi de um colega, que decidiu morar em Florianópolis, um email em pdf.


Era o discurso de posse do mais novo imortal da Casa de Machado de Assis fundada em 1897 no Rio de Janeiro.


Imprimi para melhor leitura e compreensão, pois o novo membro da Academia Brasileira de Letras é jornalista e escritor.


É autor de inúmeros livros de sucesso entre eles: “O Anjo Pornográfico” – a vida de Nelson Rodrigues; “Estrela Solitária” – um brasileiro chamado Garrincha; “Carmem”: uma biografia de Carmen Miranda.


Li os livros citados e tudo que o Ruy Castro escreve e publica em livros impressos, e quatro vezes por semana uma coluna na página 2 em um jornal de São Paulo.


Não tenho a pretensão de comparar a qualidade dos meus textos com os dele, pois admitir isso seria um sinal grave de esquizofrenia com delírios de grandeza.


Há catorze anos publico diariamente em meu blog, textos e os chamo de crônicas.


Alguns amigos se referem a essas publicações como artigos, textos e mensagens.


Como sou autodidata em comunicação escrita, descobri no discurso de posse do intelectual a definição correta para o significado de crônica.


Na metade da página três do discurso, Ruy Castro pergunta e responde ao seleto auditório.


“O que é crônica? “


“Um misto de peça literária, artigo de opinião, pequena reportagem, confissão pessoal, fofoca política, registro mundano, tudo ou quase tudo no espaço de cerca de 50 linhas.


A crônica é um mini jornal feito por uma pessoa só.


Seu assunto pode ser tanto o cotidiano quanto a eternidade – o que o cronista preferir.


É um texto que se escreve com as pernas e, às vezes, em cima da perna, de tão à vontade.


Digo com as pernas porque os personagens de que trata uma crônica não precisam parar para pensar – pensam andando mesmo.


A crônica pode ser tudo, menos um texto de gabinete.


O cronista é um flâneur, que é pago para escrever.


Daí o Rio, que sempre foi a cidade perfeita para flanar, ser historicamente o cenário natural do nascimento da crônica.


Posso continuar a compartilhar as minhas crônicas?


Gabriel Novis Neves

08-03-2023




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