O cuiabano de bem antigamente era muito tímido e chamado por aqueles que pouco o conhecia de “bicho do mato. ”
Retraído ao máximo, especialmente quando em contato com os “paus rodados. ”
Leonel Hugueney foi prefeito de Cuiabá no final dos anos quarenta.
Ficou famoso por ter doado o terreno para a construção do estádio de futebol no bairro do Porto em frente a Cadeia Pública, o Dutrinha.
Naquela ocasião os taxistas que estacionavam seus carros entre a Catedral Metropolitana e o Bar do Bugre, não tinham um posto telefônico público para atender chamados dos seus fregueses.
Durante trinta anos o posto telefônico público que servia aos taxistas e o público em geral era o telefone fixo de parede do bar do Bugre.
Meu pai e funcionários faziam esse serviço de chamar os taxistas.
Reivindicaram ao prefeito Leonel Hugueney esse benefício social e conseguiram.
Após a sua inauguração a nova obra conseguiu desagradar a todos, e até ao prefeito que mandou demoli-la e construir uma nova.
Ao lado do bar do Bugre existia o bar Pinheiro.
Lá, diariamente, o sogro do seo João Pinheiro, seo Antônio Caetano, se reunia com amigos para comentar sobre a cidade e falar com humor sobre seus habitantes.
No dia seguinte após a inauguração do posto telefônico, o primeiro público da cidade, o assunto era esse.
Todos reprovaram a obra com veemência!
Antônio Caetano, grande poeta popular, pediu ao garçom um pedaço de papel de embrulho e um lápis preto.
Aproveitou e fez uma paródia de uma marchinha carnavalesca de sucesso gravada pela cantora Emilinha Borba.
A letra era mais ou menos assim:
“Fizeram uma casinha
Em frente ao bar
Mais parece mictório
Do que posto pra falar
O Bugre está quente
Com a tal decisão
Roubaram a frente
Do seu casarão. ”
Assim era a gostosa Cuiabá de antigamente, quando tudo terminava em trovinhas e poesias.
Gabriel Novis Neves
23-02-2023
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