Moro em um valorizado bairro de Cuiabá, em edifício de vinte andares, sendo um apartamento por andar.
A mensalidade do condomínio é bem salgada.
Já escrevi por diversas vezes que, assim mesmo, o preço da minha cesta básica de medicamento estava próximo a alcançá-la.
Este mês, ao fazer a lista de pedidos à farmácia, notei para minha surpresa, que o preço havia ultrapassado ao valor do condomínio.
A explicação é muito simples.
Todas às vezes que vou ao especialista ele me receita, pelo menos, um colírio para lubrificar meus velhos olhos.
Era muito frequente na Cuiabá antiga usar a expressão “tirar a água ou peso dos joelhos” para aliviar os incômodos de uma bexiga cheia.
Meu querido ortopedista, com aval do endócrino, me receitou um remédio que, com os descontos de cooperado, fica por mil reais.
Se não houver aumento da dose do medicamento, uma caixa é o suficiente para um mês.
Do contrário, o preço dobra, ficando muito mais caro.
Apesar das caminhadas e academia de outrora, não deixei de frequentar as clínicas de fisioterapia, e há quatro anos faço em casa.
Quanto menos peso nos meus joelhos comprometidos pela artrose, mais leve a massa corporal sobre eles, que deve facilitar a minha locomoção.
Lembrei do velho e sábio ditado de “tirar água dos joelhos” com uma única diferença, que no caso do preço do medicamento, significa também esvaziar a carteira.
Por enquanto vou seguindo a orientação do meu querido ortopedista.
Ao perguntar para ele se o melhor para mim seria comprar uma bengala, andador, cadeira de rodas ou carrinho elétrico, me disse que todas as minhas sugestões estavam contraindicadas.
E receitou: você precisa de mordomia.
Não entendi e pedi que explicasse.
Você precisa sempre de ter um braço amigo para apoiar-se ao caminhar.
Agradeci e comprei uma cadeira especial para tomar banho de chuveiro, já que nesse momento não terei um braço amigo comigo dentro do boxe do banheiro.
Fico torcendo para que não haja aumento da dose da droga para tirar o peso dos meus joelhos.
Gabriel Novis Neves
12-07-2022
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