Não é a primeira vez que isso me acontece: dormindo escrevo uma crônica inteira, assino e dato.
Quando acordo, espontaneamente, vou para o computador tentar digitar o que sonhei.
Hoje ao abrir o notebook olhei a telinha branca e não me lembrei de nada que havia escrito sonhando.
Achei esquisito, pois o assunto era interessante e o sono foi após o almoço.
Se fosse o prolongado da noite alguém poderia dizer ser efeito colateral de algum ansiolítico que uso, e sua compra exige receituário branco-carbonado com assinatura e carimbo do médico.
Ou que o dia tinha sido agitado.
Nada disso aconteceu.
Passei a manhã e almocei (pouco) em companhia da minha cuidadora dos domingos.
Depois fui tirar a “sesta”, hábito que adquiri com os meus pais e nunca abandonei.
Para não perder a viagem com o meu computador aberto, lembrei que ontem à noite eu andei segurando o antebraço da minha enfermeira e ouvia pelo Youtube uma Banda de Pagode.
Acompanhei o ritmo da Banda com o corpo e os pés abertos como se fossem de pato, e deu certo.
Disse a minha acompanhante:
“Engraçado, a minha doença que é a disautonomia, não mata, porém, não tem tratamento e cura. ”
Descobri agora que posso dançar pagode!
Os portadores dessa doença têm desequilíbrio, precisando sempre se apoiar no braço de alguém.
Andam com os pés abertos como os gansos.
Será que a “dança do pagode” não é um excelente exercício fisioterapêutico para os portadores de disautonomias?
Alguns avanços da terapêutica farmacológica vieram quando o remédio pesquisado era para uma determinada doença e os cientistas chegaram a outros resultados.
Hoje essas drogas são usadas e conhecidas no mundo todo, e indicadas para outras patologias.
Vendem, inclusive mais, que anticoncepcionais, ansiolíticos e antiácidos.
Posso citar dois exemplos mais populares: aqueles para disfunções erécteis em homens, quando se pesquisava um moderno hipotensor arterial.
O outro é um que ficou conhecido como abortivo, cuja farmacologia era para a cura da gastrite.
Essas drogas descobertas “por acaso” foram bastantes consumidas durante a folia de Momo no “kit carnaval”.
Será que terei que dançar todas às noites nas casas de pagode para me curar da doença adquirida pela idade avançada?
Se for para o bem da ciência, farei esse sacrifício (!) com prazer.
Gabriel Novis Neves
19-02-2023
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