sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

SONHAR ESCREVENDO


Não é a primeira vez que isso me acontece: dormindo escrevo uma crônica inteira, assino e dato.


Quando acordo, espontaneamente, vou para o computador tentar digitar o que sonhei.


Hoje ao abrir o notebook olhei a telinha branca e não me lembrei de nada que havia escrito sonhando.


Achei esquisito, pois o assunto era interessante e o sono foi após o almoço.


Se fosse o prolongado da noite alguém poderia dizer ser efeito colateral de algum ansiolítico que uso, e sua compra exige receituário branco-carbonado com assinatura e carimbo do médico.


Ou que o dia tinha sido agitado.


Nada disso aconteceu.


Passei a manhã e almocei (pouco) em companhia da minha cuidadora dos domingos.


Depois fui tirar a “sesta”, hábito que adquiri com os meus pais e nunca abandonei.


Para não perder a viagem com o meu computador aberto, lembrei que ontem à noite eu andei segurando o antebraço da minha enfermeira e ouvia pelo Youtube uma Banda de Pagode.


Acompanhei o ritmo da Banda com o corpo e os pés abertos como se fossem de pato, e deu certo.


Disse a minha acompanhante:


“Engraçado, a minha doença que é a disautonomia, não mata, porém, não tem tratamento e cura. ”


Descobri agora que posso dançar pagode!


Os portadores dessa doença têm desequilíbrio, precisando sempre se apoiar no braço de alguém.


Andam com os pés abertos como os gansos.


Será que a “dança do pagode” não é um excelente exercício fisioterapêutico para os portadores de disautonomias?


Alguns avanços da terapêutica farmacológica vieram quando o remédio pesquisado era para uma determinada doença e os cientistas chegaram a outros resultados.


Hoje essas drogas são usadas e conhecidas no mundo todo, e indicadas para outras patologias.


Vendem, inclusive mais, que anticoncepcionais, ansiolíticos e antiácidos.


Posso citar dois exemplos mais populares: aqueles para disfunções erécteis em homens, quando se pesquisava um moderno hipotensor arterial.


O outro é um que ficou conhecido como abortivo, cuja farmacologia era para a cura da gastrite.


Essas drogas descobertas “por acaso” foram bastantes consumidas durante a folia de Momo no “kit carnaval”.


Será que terei que dançar todas às noites nas casas de pagode para me curar da doença adquirida pela idade avançada?


Se for para o bem da ciência, farei esse sacrifício (!) com prazer.


Gabriel Novis Neves

19-02-2023




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.