Quando penso que já publiquei tudo sobre o Bar do Bugre, eis que recebo de um pesquisador quatro fotos de textos de um livro de Lenine de Campos Póvoas – “CUIABÁ DE OUTRORA, “publicado em 1983, um ano após o falecimento do meu pai.
Eu já tinha sido Diretor do Hospital Estadual Adauto Botelho (1966-1967), Secretário Estadual de Educação (1968-1971) e Reitor Fundador da UFMT (1971-1982).
O professor relata nessa publicação todo encanto da rua de Cima (Pedro Celestino), no trecho do Bar do Bugre, em frente à Catedral Metropolitana, Bar Pinheiro, Prefeitura Municipal e Câmara dos Vereadores, Café Suave, Bar Sargentine.
Relata também a estreita rua Cândido Mariano até o belo palacete onde funcionava o Bar do Marcílio, com amplos e bem iluminados salões cheios de mesas de bilhar, - “uma coqueluche” da época.
Nesse local a rapaziada disputava animadas partidas de “sinuca” regadas a Brahmas bem geladinhas.
É assim que se matava o tempo de bem antigamente em Cuiabá.
O Bar do Bugre, com ampla e sortida sorveteria, vendia produtos importados e era o mais movimentado da cidade.
Seus clientes eram expoentes das letras, clero, justiça, música e profissionais liberais.
Também eram fregueses do bar, os trabalhadores da rua do Meio, como barbeiros, alfaiates, engraxates.
Rubens de Mendonça, Ezequiel da Fonseca, Antônio Leite de Campos, secretário particular de Dom Aquino Corrêa padre Theodoro, Tote Garcia, Hermínio Pastel, desportista Fernando Fontes, entre tantos.
Os comerciantes das redondezas também batiam ponto lá.
O governador João Ponce de Arruda, apelidado de pavãozinho, todas as tardes, comprava cigarros no bar.
Os fregueses dos domingos eram especiais.
Geralmente vinham dos bairros com as suas melhores roupas que eram os ternos brancos de linho, lavados, passados e engomados em casa, para assistirem às missas matutinas rezadas por Dom Aquino na Catedral.
Depois, uma paradinha no Bar do Bugre para uma cervejinha gelada e papo com os amigos.
De noite, homens e mulheres vinham de ônibus do Porto e Coxipó, para a retreta na Praça Alencastro até às nove da noite.
Assim era a Cuiabá de antigamente e o Bar do Bugre como centro de recreação.
Meu pai, Olyntho Neves, sempre acreditou no desenvolvimento de Cuiabá, e trabalhando honestamente conseguiu educar seus nove filhos, sendo os três mais velhos no Rio de Janeiro.
O Bar do Bugre após o fechamento das suas portas há cinquenta e dois anos, continua como fonte eterna de inspiração para as minhas crônicas.
Gabriel Novis Neves
18-01-2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.