Quando no sábado meus filhos e dependentes não podem comparecer ao almoço, minha cozinheira cria um prato leve para mim.
Hoje ela preparou galinha com arroz e quiabo refogado, precedido por uma salada verde com pequenos tomates cerejas.
Não preciso dizer que pedi "bis" de uma perna da galinha e o prato voltou limpo para a cozinha.
É um prato simples, saboroso e ao alcance de todos.
Com essas iguarias, e o carinho de quem prepara os meus almoços, não tenho a mínima vontade de sair de casa para conhecer tantos restaurantes novos e bons que surgiram em Cuiabá no período da pós-pandemia.
Meus colegas que moram no Rio de Janeiro me dizem que Cuiabá é uma cidade onde corre muito dinheiro do agronegócio, especialmente, e que justificam esses investimentos.
Essa é a imagem que temos de olhares diferentes.
Como venho de longe, fui do tempo que a nossa capital era chamada de cidade dos parasitas, como eram conhecidos os funcionários públicos.
Agora somos vistos como produtores de riquezas pela ocupação racional do nosso território com a agricultura e pecuária, não agredindo o meio ambiente.
Minha geração tinha um sonho de ter, pelo menos, um apartamento no Rio para suas férias e aposentadoria.
Meus filhos e netos investem todo o resultado do seu trabalho em nosso Estado.
Seus negócios estão aqui, e estão muito satisfeitos, vivendo e trabalhando em uma Cuiabá que não é mais a minha.
Quando retornei para exercer a minha profissão de médico minha Cuiabá não possuía cem mil habitantes, hoje tem quase setecentos mil.
Antigamente as funcionárias domésticas dormiam no emprego, e a folga semanal era sempre após o almoço dos domingos.
Geralmente elas eram recrutadas nos sítios e cidades periféricas a Cuiabá, onde não tinham parentes.
Pouca gente hoje tem o luxo de ter cozinheira todos os dias da semana, mesmo nos feriados e finais de semana.
E essas danadas, que são minhas funcionárias são herdeiras das receitas orais da nossa melhor gastronomia.
Para que sair de casa para fazer um programa social de almoçar ou jantar fora, mesmo que correndo o risco de encontrarmos uma companhia não agradável?
Fico tranquilo em casa com as minhas cozinheiras inventando pratos para me fazer feliz.
Fico imaginando o que elas estarão preparando para as próximas semanas e os festejos do Natal e Ano Novo.
Não consigo esquecer da galinha com arroz, pernas das galinhas e quiabo reforçado.
De sobremesa atas, ou frutas de conde, bem geladas.
Gabriel Novis Neves
11-12-2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.