segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

SEGUNDA-FEIRA DE CARNAVAL


Com exceção dos funcionários públicos que estão dispensados de trabalhar na segunda-feira de carnaval, muita gente trabalha nesse dia.


Bem antigamente os bailes famosos eram realizados na segunda-feira.


No Rio de Janeiro o “Baile do Cabide” era realizado em um clube chique às duas horas da tarde e terminava às oito da noite.


Seus participantes, na sua maioria eram homens casados, solteiros e mulheres sem compromissos.


Assim que os convidados chegavam, recebiam nas chapelarias um cabide e penduravam a camisa.


Era bem guardado e a camisa devolvida no final da festa, sem mancha de batom ou impregnada de odor de perfume.


Quando terminava a festa, alguns tomavam banho de corpo todo, escovavam os dentes e usavam o secador de cabelo dos banheiros para evitar chegar em casa com os cabelos molhados.


Usavam colírio lubrificante, tomavam antiácidos e pastilhas para a garganta.


O buffet era maravilhoso, sortido e abundante.


Os vinhos e whisky importados da melhor qualidade eram servidos à vontade.


As lindas mulheres dançavam fantasiadas no salão com um copo do escocês em uma das mãos, ou em cima das mesas.


Esse baile era patrocinado por multinacionais e seus convites cobiçadíssimos.


Ganhava um convite do meu tio que era advogado, solteiro e chefe da Alfândega!


Era paquerado pelo cargo que ocupava, estando sempre prestando favores àqueles que viajavam para o exterior e retornavam com “quinquilharias”.


Outro baile de carnaval famoso que era realizado na Segunda-Feira de Carnaval era o baile do Teatro Municipal, o mais elegante do Rio de Janeiro.


Toda a elite brasileira o frequentava, e o traje era à rigor para os homens e vestidos longos para as mulheres.


Também eram permitidas aos homens e mulheres fantasias de muito luxo e altíssimos preços.


Personalidades estrangeiras, artistas famosos internacionais eram convidados para abrilhantar esse baile.


Os homens usavam smoking com gravata borboleta e as mulheres, vestidos longos em tecidos nobres (brocados, tafetás), confeccionados por costureiros famosos.


Pelas redondezas do Teatro Municipal havia muita gente que ia “sapear” a entrada das celebridades.


Muitos chamavam esses bisbilhoteiros de “pessoal da garoa. ”


Nunca fui ao baile de Segunda-Feira de Carnaval do Teatro Municipal por não possuir recursos financeiros para comprar o traje de gala, nem a mínima curiosidade em estar lá.


Gabriel Novis Neves

20-02-2023






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