Não estava pensando em escrever sobre o carnaval deste ano.
É uma festa anual de quatro dias oficiais e já escrevi muito sobre esse evento, o maior da nossa cultura popular.
Quem primeiro me estimulou este ano a escrever sobre esse tema foi a minha revisora.
Depois, um amigo jornalista que lê as minhas crônicas, perguntou se eu não tinha nada sobre o carnaval.
Cuidadoso ele me disse que estava gostando delas, mas que alguns assuntos, estavam envelhecidos.
Minha rotina de trabalho é muito diferente do jornalista profissional, especialmente de jornal.
Quem escreve uma coluna diária em jornal, sendo o assunto político, esportivo, de entretenimento, policial, a notícia tem que ser do dia, salvo raras exceções.
Como escrevo sobre minhas memórias e o cotidiano, eles não envelhecem.
A história da minha primeira bicicleta daria uma excelente crônica, que poderá ser lida na Páscoa.
É o relato verídico de um fato que aconteceu há setenta e três anos e não está envelhecida na minha memória.
Escrevo mais sobre os temas que me tocam o coração, e mantenho sempre um bom estoque de crônicas.
Achei razoáveis os pedidos solicitados e escrevi cinco textos para publicar na sexta, sábado, domingo, segunda e quarta-feira de cinzas, preenchendo todos os dias de carnavais e entrando na quaresma.
Já estava pronto para iniciar a escrever sobre as padarias de Cuiabá da minha infância quando me dei conta que ainda não havia escrito nada sobre a terça-feira de carnaval.
Esse dia é conhecido como a “terça-feira gorda” do carnaval, e o último que precede a Quaresma.
É a despedida do carnaval, e seus foliões chegam a se esbaldar com mais intensidade nesse dia que nos três dias anteriores.
Sabem que os próximos dias de folia irão acontecer somente ano que vem.
É o único final de festa de carnaval em que os foliões ficam tristes, após várias despedidas dos músicos das orquestras que animaram a noite toda sem interrupções.
Tenho a impressão que esse sentimento de tristeza seja mais frequente entre os adolescentes.
Talvez algum deles tenha encontrado seu primeiro amor nesse baile de terça-feira gorda, mas, muitas vezes, nem seu nome foi guardado.
“Será que ela (ele) guardou pelo menos a minha fisionomia e no outro ano voltaremos a nos encontrar no mesmo local, no baile da terça-feira do carnaval? ”- muitos devem se perguntar.
Gabriel Novis Neves
21-02-2023
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