sábado, 16 de julho de 2022

OS PITORESCOS XXXIV


Bem antigamente, na Antiguidade um médico grego chamado Hipócrates, de família de prestígio, dedicou-se à prática da medicina. Procurava a explicação das doenças, na observação e acompanhamento diário dos seus pacientes. Pelos lugares por onde passava ensinava medicina, sendo considerado o pai da medicina. Ele separou a religião da medicina, e o juramento de Hipócrates que resume sua ética, é recitado nas colações de grau de estudantes de medicina e no Brasil é feito de maneira resumida. Tudo isso aconteceu antes do nascimento de Cristo. Hoje, só no Brasil existem funcionando 353 escolas de medicina, e o que mais nos falta, são médicos nos municípios.


Na Cuiabá antiga, médicos não existiam. Os pacientes eram tratados pelos curandeiros, que usavam plantas e raízes medicinais para a fabricação de chás. Também, benzedeiras e rezadores que faziam simpatia para a cura dos doentes. As parteiras cuidavam das mulheres grávidas. Hoje, existem aqui três escolas de medicina, e o que mais falta são médicos atendendo nos postinhos de pré-natal na rede pública.


Bem antigamente, nos feriados, todo o comércio era fechado e as pessoas só saíam de casa para ir à igreja. Não compravam nada para gastar no feriado. Precisava então ser criado um dia para atender ao comércio. Foi aproveitado a fama de Santo Antônio, que era casamenteiro, e no dia 12 de junho no Brasil é comemorado o “Dia dos Namorados” para aumentar a venda do Comércio.


Na Cuiabá antiga, ninguém comemorava o “Dia dos Namorados” e essa invenção consumista custou a pegar. Hoje, é difícil nesse dia encontrar mesas em restaurantes para almoçar e vagas em Motéis.


Bem antigamente, eram tantas as datas comemorativas, que nos obrigava as consultas diárias da Bíblia para a parte religiosa, e do Diário Oficial para as datas cívicas. Hoje, o google com mais competência realiza esse trabalho para nós.


Na Cuiabá antiga, eram tantos os feriados civis, religiosos e pontos facultativos, que só os funcionários públicos sem função gratificada é que percebiam. Hoje, temos o feriadão, que é o feriado emendado.


Bem antigamente, reis e rainhas não tomavam banho. Não existiam os quartos de banho com chuveiros e vasos sanitários. Seus corpos exalavam um cheiro desagradável. Daí inventaram os perfumes para maneirar esse fedor vindo do corpo. Hoje, reis e rainhas de verdade de alguns países, cultivam o odor fétido.


Na Cuiabá antiga, tomar banho em casa era com água do poço do quintal, retirado por caçambas puxadas por uma corda, ou de riachos e rios. O sanitário eram os célebres compadres e comadres. Hoje, quase todas as casas têm chuveiros e banheiros nos quartos, podendo a água ser aquecida. Também vasos sanitários e chuveirinhos para serem utilizados após.


Bem antigamente, os recém-nascidos dormiam até vinte e três horas por dia. Hoje, são tão estimulados que dormem menos e até sonham quando sorriem.


Na Cuiabá antiga, era muito raro as pessoas sonharem. Hoje, é raro o velho que não se queixa de terríveis pesadelos, que é um sono de baixa qualidade. Para tratamento de pesadelos, a orientação é viver cada um deles acordado. Na teoria é fácil alguém que não sabe nadar se jogar no fundo do rio para se curar do pesadelo de estar morrendo afogado.


Bem antigamente, existiam muitos velhos, antes e depois de Cristo. Cedo os jovens se transformavam em velhos, e viviam uma eternidade. Não se conhecia medicamentos e especialistas em doenças. Hoje, existem doenças próprias da idade avançada com um arsenal terapêutico à disposição de poucos.


Na Cuiabá antiga, os idosos depois dos cinquenta anos, tinham catarata, pressão alta, açúcar no sangue. Hoje, existe medicamento para tudo, chegando um velho para controlar a sua saúde tomar trinta ou mais medicamentos, que não curam, receitados por médicos professores de medicina. Seus gastos com a farmácia muitas vezes, ultrapassam o valor das suas aposentadorias.


Bem antigamente, naqueles tempos remotos os fatos lembrados estão bem distantes de nós.


Na Cuiabá antiga, tudo está muito próximo a mim.


Gabriel Novis Neves

13-06-2022






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