segunda-feira, 4 de julho de 2022

A CASA DOS MEUS AVÓS


Meu avô paterno Gabriel de Souza Neves (Biézinho), faleceu antes do meu nascimento (1935) e minha avó Eugênia em 1942 morava no Rio de Janeiro, quando faleceu.


A casa ficava na Praça da República, separada da farmácia de Pedro Celestino Correa da Costa por um estreito beco pelo qual não passava uma carroça, e tinha seus fundos na rua dos Porcos e terminava na Prainha.


Meu avô morava nos fundos da casa, que possuía um sobradinho e tinha uma loja na frente.


Com a mudança da minha avó Eugênia de Vasconcelos Neves (carioca), três filhas solteiras (Julita, Pequenina e Araci) e o caçula Sinhô, para estudar Direito, no Rio de Janeiro, a casa foi alugada para comércio, e o valor repassado para as suas despesas.


No governo Pedrossian a casa foi desapropriada, demolida e dando início à avenida Getúlio Vargas.


Essas são as vagas lembranças que tenho com uma fotografia na calçada da casa, no colo da minha avó com poucos meses e um primo (João Neves) também.


Gabriel de Souza Neves (cuiabano), além de comerciante, foi vereador e político atuante.


Já a casa do meu avô materno, Dr. Alberto Novis (cuiabano), eu conhecia muito bem tendo, inclusive, morado lá aos seis anos de idade, e adolescente dormi por várias vezes para lhe fazer companhia.


Ficava na rua Voluntários da Pátria, em frente a sapataria do “seo” Anastácio, quase esquina da rua de Cima.


Seu fundo tinha um portão com saída para o Beco Torto, que não era calçado.


Foi nessa casa que aprendi jogar xadrez antes de ser alfabetizado, e tendo como primeiro parceiro o médico Jonas Corrêa da Costa.


O casarão já havia sido dividido e assim mesmo continuava enorme, onde morava o meu avô Alberto.


A minha avó materna era a cuiabana Antonieta Almeida (Tutica), que faleceu antes de completar trinta anos de idade, deixando sete filhas e um filho.


A minha mãe Irene possuía na ocasião, apenas três anos de idade, sendo educada até a adolescência pela sua madrinha, na sua casa da rua 15 de Novembro, no Porto.


A casa do meu avô na Voluntários da Pátria, ele adquiriu do seu pai e, possuía um sobrado com dois quartos, ótimos para brincar com os carrinhos, no piso de madeira serrada.


Um quintal com uma palmeira imperial, lindas trepadeiras com flores amarelas, um poço para retirada da água para o consumo da casa, roseiras, uma divisão de arame do quintal, com pequena porta fechada com chave, onde ficavam os cavalos tratados nas estrebarias, cabras e galinhas.


Na casa habitavam vários gatos e gatas que viviam se reproduzindo.


Nenhum cachorro, e o quintal tinha um portão para o Beco Torto, por onde meu avô saia montado a cavalo, para visitar os seus clientes ou amigos no Porto.


Com a viuvez precoce e um segundo casamento, que não durou muito.


Suas filhas casadas e morando no Rio, Goiás, Corumbá e Cuiabá, longe da casa que se casaram.


Seu único filho sanitarista do Ministério da Saúde e solteiro, tinha uma vida itinerante.


Dr. Alberto Novis morava só em Cuiabá.


Transformou a sua casa em um centro de jogo de xadrez, com vários tabuleiros.


Seus companheiros eram profissionais liberais e se reuniam diariamente, a partir das oito da manhã.


Paravam para o almoço e reiniciavam as duas da tarde.


Mais uma interrupção para o jantar e mais jogatina até as nove para dormir, reiniciando tudo no outro dia.


Meu avô era religioso e comemorava Nossa Senhora da Conceição no dia oito de dezembro, herança religiosa do seu pai Dr. Augusto Novis (baiano).


Festejava os santos juninos com fogueira, danças com roupas típicas, brincadeiras, fincar faca na bananeira para as moças, fogos de artifício e chá com bolo.


Faleceu no Rio de Janeiro em 1962 na casa da tia Rosa, quando eu o atendia de uma emergência cardíaca, sendo sepultado no Cemitério de São João Batista.


Sua casa foi vendida ao neto, Dr. João Alberto Novis Gomes Monteiro, e hoje é um estacionamento.


Das casas dos meus avós, uma virou avenida e outra estacionamento, com a vitória do progresso sobre a tradição!


Gabriel Novis Neves

30-06-2022


Fotografias do acervo do Sr. Francisco das Chagas Rocha:








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