sábado, 30 de julho de 2022

A HISTÓRIA DO CURRÍCULO


O currículo hoje é um “documento” tão importante em nossas vidas como o cpf, carteira de identidade, título de eleitor, comprovante do serviço militar e carteira de vacinação.


Esses documentos são os básicos para o sujeito ser cidadão.


Para trabalhar é necessário, em qualquer lugar, que se tenha o currículo.


Para conseguir uma vaga para menor aprendiz aos catorze anos de idade, já é solicitado, analisado e avaliado o proponente ao cargo pelo currículo.


Isso para os cidadãos comuns, não pertencentes aos QI (quem indica), aos beneficiários do nepotismo, ou aos da primeira classe (donos do poder).


Antes de terminar o ensino fundamental o aluno já aprende a construir o seu currículo, que é quase um relato de tudo que aconteceu em sua vida, incluindo as “Moções de Aplausos” recebidos das Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores.


Dizem que a idade avançada paralisa o currículo, porém não acredito nessa sentença.


Só no mês de julho, aos 87 anos, dei duas engordadas no meu, de forma inesperada e desconhecida para mim.


A revisão de uma entrevista de cem páginas e a honraria recebida pela ABRAMES (Academia Brasileira de Médicos Escritores) do Rio de Janeiro.


Confesso que a revisão foi bem mais difícil, com letras tamanho doze, com vírgulas e pontos.


Nenhum parágrafo com frases parecendo mais curtas.


Certa ocasião, ainda na reitoria precisei do meu currículo.


Sou muito organizado para as coisas que julgo importantes na vida, não prestando atenção com aquilo que considero ser perfumaria, embora saiba do seu valor para a maioria.


Pedi a nossa querida amiga professora Eugênia Paredes que organizasse o meu currículo e lhe mostrei uma gaveta cheia de colares, medalhas, condecorações, homenagens, diplomas de palestrante etc.


A Regina, minha mulher tinha outros guardados em casa, desde os meus tempos de estudante no Rio.


Passados dois meses a Eugênia aparece no gabinete carregando uma volumosa pasta de papelão.


Dentro, um enorme e grosso volume em pasta com espiral.


Era o meu currículo.


Na época não existia computador.


Agradeci pelo carinho do trabalho, disse que entregaria ao MEC e pedi que me fizesse um simplificado para uso doméstico.


Há pouco simplifiquei o simplificado, e uso o currículo da vida apenas.


Isso incomoda mais os outros, especialmente os meus colegas da academia, que supervalorizam esse documento, inclusive com repercussão proveitosa em seus salários.


Não se conformam de eu não ter imprimido nenhum livro, mesmo sabendo que quero atingir meu objetivo de chegar as três mil crônicas publicadas no meu blog, quando a primavera chegar.


Perdi o encanto pelo currículo acadêmico, ao iniciar a minha vida profissional.


Estudei na melhor escola de medicina da época.


Nesses anos todos nunca um cliente me perguntou em qual escola de medicina havia estudado.


Continuei estudando, mas isso só interessa ao currículo da vida, que é do saber.


Gabriel Novis Neves

22-07-22022


Eugênia, foi escolhida para inplantar o Projeto Pixinguinha na UFMT, em Cuiabá.














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