sexta-feira, 1 de julho de 2022

A PERSISTÊNCIA VENCEU


No dia 6 de julho de 2016 completei oitenta anos, e para comemorar a data meus filhos prepararam uma recepção em meu apartamento.


Foi um jantar para todos os meus parentes, amigos e colegas que lotaram o piso inferior do apartamento, o salão da cobertura e jardim.


Foi uma noite memorável para mim, que nunca pensei em chegar a essa idade com os problemas da vida longa.


A festa estava no seu clímax, em torno das dez horas da noite, quando mais uma vez o meu celular tocou.


Era de um colega da turma de medicina de 1960 e o assunto não era o meu aniversário, cuja data desconhecia.


Desde que passei a publicar as minhas crônicas nunca esqueci de mandá-la diariamente, embora ele possuísse o endereço eletrônico facilmente lidas na tela do computador.


Depois da nossa colação de grau ficamos décadas sem nos encontrar.


Ele fazendo carreira no Rio de Janeiro, onde foi por longos anos foi diretor do hospital referência, que era o famoso Hospital dos Servidores do Estado (HSE).


Nos últimos dez anos reencontrei-o por umas três ou quatro vezes no Rio de Janeiro em restaurantes e pizzarias com outros “sobreviventes” desta caminhada.


A camaradagem do período de estudante era a mesma.


Nessa noite do meu aniversário de oitenta anos, assim que ele chegou em casa, não se conteve para me transmitir a novidade.


Sem o meu conhecimento, ele havia selecionado vinte crônicas e as levou para apreciação da “Comissão de Avaliação e Análise” para admissão de membros titulares para a “Academia Brasileira de Médicos Escritores (ABRAMES).


Meu nome fora aprovado por unanimidade, me relatou!


Minha posse foi marcada, a Academia se reunia uma vez por mês, no Rio de Janeiro, quando deveria comparecer.


Surpreso agradeci a honraria, enviei o meu currículo para a posse solene que seria no final do mês.


Foi difícil convencer o colega que eu não era escritor, muito menos qualidade literária para pertencer a uma Academia Brasileira de Médicos Escritores.


No máximo um esforçado escritor de anamnese.


Meu colega Morinigo me estimulou ao máximo, mas problemas com a minha válvula aórtica, me fizeram desistir da posse e viagens para o Rio de Janeiro, e não se falou mais sobre esse assunto.


Continuei a lhe enviar diariamente minhas crônicas.


O escritor Fábio Morinigo não desistiu da ideia de me levar para a Academia, da qual é um entusiasta membro titular.


Poucos dias ante de completar 87 anos recebi a seguinte mensagem dele, na semana passada:


“ Consegui aprovar uma homenagem para você.


Acadêmico Honorário da ABRAMES (Academia Brasileira de Médicos Escritores). Será concedido dia 1º de julho por live. Você em Cuiabá através do Zap ou Laptop. Necessito que me envie um expediente à Presidente da ABRAMES dizendo que aceita e um mini currículo para referir na saudação de sua Recepção”.


A persistência do meu colega, que descobriu, não a vaidade, mas mérito naquilo que escrevo, acabou me vencendo.


Gabriel Novis Neves

01-07-2022





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.